"Não me ter estreado pelo Sporting é a maior mágoa da minha carreira"

Rafael Barbosa rumou até à Polónia em janeiro e faz o balanço de uma carreira marcada por altos e baixos. Em entrevista ao Desporto ao Minuto, o médio luso de 28 anos confessa, ainda, que o fardo de jovem promessa do Sporting lhe pesou nos ombros durante muito tempo.

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© Radomiak Radom

Francisco Amaral Santos
19/03/2025 07:06 ‧ ontem por Francisco Amaral Santos

Desporto

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Rafael Barbosa mudou-se para a Polónia no passado mês de janeiro, para se juntar à pequena armada portuguesa que 'nasceu' no Radomiak Radom. Aos 28 anos, o jogador formado no Sporting encontra-se a viver a primeira experiência além-fronteiras e garante estar perfeitamente adaptado à nova realidade. 

 

Em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, Rafael Barbosa revela os motivos que o levaram a deixar o Farense, confessando que a relação com o treinador, Tozé Marreco, se deteriorou, ao mesmo tempo que confessa ter como maior mágoa da carreira o facto de nunca se ter estreado pela equipa principal do Sporting. 

O médio ofensivo natural de Amarante também recorda outros vários momentos da carreira, admitindo ter vivido algumas fases menos boas e sempre ter colocado uma pressão acrescida em cima dos próprios ombros, por querer chegar ao mais alto patamar do futebol português.

Como têm corrido estes primeiros meses na Polónia?

É um país um pouco diferente, as pessoas são mais frias, mas apanhei quatro ou cinco portugueses, e mesmo o míster, e consegui adaptar-me rapidamente. O clube tem todas as infraestruturas para jogarmos e treinarmos.

O míster João Henriques teve dedo na sua contração?

Ele, comigo, não falou diretamente, mas o meu empresário disse que sim, que houve dedo dele. Foi tudo muito rápido. Eu queria sair do Farense, porque estava sem jogar, e queria ter minutos o mais rápido possível. Estou numa idade crucial. Queria dar mais um salto na minha carreira, então, acho que foi a opção certa.

O que encontrou na Polónia?

O clima é muito mais frio e, nesta altura, passamos muito tempo em casa. A vida é um pouco melhor em termos de custo de vida, mas as principais diferenças são o frio e as pessoas, que são menos chegadas.

O estilo de jogo na Polónia é mais aberto…

Mais aberto do que em Portugal e muito mais físico. Acho que Portugal, em termos táticos, é melhor, mas para o meu futebol, em campo aberto, o estilo de jogo aberto favorece-me mais, porque tenho mais espaço. Estive, agora, três semanas parado, porque tive uma pequena lesão, mas vou voltar após a pausa das seleções.

Notícias ao Minuto Rafael Barbosa já marcou ao serviço do Radomiak Radom
© Radomiak Radom
 

O que mudou no Farense para deixar de ser titular? 

Eu fiquei em Portugal com o objetivo de dar o salto para um clube grande, que, desde pequeno, era o meu grande sonho. O primeiro ano em Faro foi muito difícil, porque o míster José Mota confia muito nos seus jogadores. Tinha acabado de subir, levou grande parte da equipa para o ano seguinte e tive de ganhar a confiança dele. Nunca abdicou dos seus até termos uma série de maus resultados. Aí, comecei a jogar e nunca mais saí.

O míster Tozé Marreco não foi totalmente transparente

No entanto, tudo mudou com a saída de José Mota...

Esta época, lesionei-me, ao início, perdi os primeiros dois jogos e, depois, voltei a jogar. Mas, depois, trocámos de treinador, para um que eu já tinha apanhado, mas não tive mais minutos depois de ter jogado sempre com ele, no Tondela. Não tive qualquer hipótese com ele.

Existiu uma conversa com o míster Tozé Marreco?

Houve uma conversa, mas não foi igual ao que aconteceu após a conversa. A conversa foi uma coisa e o que aconteceu, depois, foi outra. Depois, a relação começou a azedar, porque não foi totalmente transparente.

Teve mais alguma proposta, nessa altura?

Tive alguns interessados, tudo para fora. Em Portugal, seria difícil o Farense deixar-me sair, apenas para a II Liga, mas eu não queria. Então, a decisão foi a Polónia. Não foi a primeira, mas foi a mais acertada, por causa do treinador, dos colegas e do diretor desportivo, António Ribeiro, que também é português.

Podemos dizer que saiu do Farense magoado?

Com o Farense, clube, não. É um clube incrível com um grande presidente e com adeptos incríveis. Saio com alguma mágoa porque era um treinador com quem tinha boa relação. Quando saí do Tondela, trocava mensagens com ele e, sim, fica essa mágoa.

Esta é a sua primeira experiência internacional. Quais eram os principais receios ao sair de Portugal?

No futebol, nunca tive receios. Sou uma pessoa muito ligada à família e esse era o meu maior receio. Lidar com as saudades... Agora, que já me adaptei, é tudo mais fácil.

Salvo uma proposta muito aliciante, o meu futuro passa pelo estrangeiro

Foi no Tondela que atingiu a sua melhor versão?

O Tondela, para mim, é casa. Em todos os clubes por que passo, crio boas relações, principalmente, com as pessoas que lá trabalham. Criei muitas amizades em Tondela e tive muito pena que tenhamos descido de divisão, na altura. Espero que eles consigam subir, este ano. É um clube que me diz muito e ao qual vou estar sempre grato. Fizeram de mim melhor pessoa e jogador.

Notícias ao Minuto Rafael Barbosa vestiu a camisola do Tondela por 104 ocasiões, uma das quais no Jamor, numa final da Taça de Portugal contra o FC Porto© Getty Images  

Admite voltar no futuro?

Quem sabe [risos]. Neste momento, salvo uma proposta muito aliciante, o meu futuro passa pelo estrangeiro.

A vertente financeira pesou na sua decisão de deixar Portugal? Ou foi só mesmo o desejo de experimentar algo diferente?

Por condições financeiras não foi, porque, desde o meu início da carreira, sempre tive propostas para ganhar muito mais dinheiro lá fora, mas nunca aceitei, porque tinha o desejo de vingar em Portugal. Durante muitos anos, carreguei um peso por causa disso. Bastava não ser titular um jogo e a minha azia vinha daí. 'É menos um jogo para conseguir o meu objetivo'. Com os anos, fui aprendendo a lidar com este fardo. Hoje, já não penso nisso.

O senhor Aurélio Pereira foi à minha casa, em Amarante, e convenceu-me a ir para o Sporting


O facto de ter sido formado no Sporting também ajudou a agudizar esse peso?

Sim, foram 12 anos… E saí de casa com essa idade.

Antes disso. Como é que um miúdo de Amarante vai parar às camadas jovens do Sporting?

Na altura, eu jogava no Boavista e havia muitos torneios. Havia interesse do Sporting e do Benfica. Na altura, até assinei pelo Benfica, mas o senhor Aurélio Pereira foi à minha casa, em Amarante, e convenceu-me e aos meus pais a ir para o Sporting. O Benfica rasgou os papéis e acabei por ir para o Sporting. Foi uma adaptação difícil. Durante dois ou três anos, chorava sempre que os meus pais me iam ver. Fiz muitas vezes a mala para ir embora.

Que memórias guardas dessa altura?

No Sporting, fiz muitos amigos, mas não tive nenhum jogador que me acompanhasse do início ao fim, do meu primeiro ao último ano. Guardo muitas amizades. O Sporting é a minha casa. Aliás, eu era benfiquista e tornei-me sportinguista. Foram muitos anos e, como capitão, em quase todos os escalões, até à equipa B.

Ficou alguma mágoa por nunca se ter estreado pela equipa principal?

No último ano de equipa B, quando estava a destacar-me muito na II Liga, ia treinar vezes com a equipa A e fui convocado para dois jogos da Liga Europa, mas nunca me estreei. Acho que faltou alguma sorte, sim. Nas oportunidades que poderia ter aproveitado, nunca chegou a haver uma aposta. A verdade é que, na equipa A, também havia muitos bons jogadores.

Notícias ao Minuto Rafael Barbosa esteve na formação do Sporting durante 12 anos e foi figura de destaque na equipa B
© Getty Images
 

Acha que, se fosse hoje, as coisas seriam diferentes? Agora, vemos quase todas as semanas um jovem a estrear-se pelo Sporting…

Desde que o míster Ruben [Amorim] foi para o Sporting, sinto que poderia ter tido essa oportunidade. Era o maior destaque da equipa B e sem dúvida que haveria outra aposta. Mas não houve e estou grato ao Sporting, de qualquer maneira.

No dia em que deixou o Sporting em definitivo, isso passou-lhe pela cabeça?

Sim, foi a maior mágoa da minha carreira, não me ter estreado pelo Sporting.

Como lidou com isso? Aprendeu a relativizar?

Irritado, não digo que fiquei. Depois, pensei por que razão o outro teve oportunidade e eu não, mas, com o tempo, pensei apenas em conseguir ingressar num grande, e isso prejudicou-me. Coloquei muita pressão em mim mesmo. Ficava com uma azia de uma luta interna e não de estar a não ser humilde.

Carreguei muito tempo aquele fardo da jovem promessa. Isso não me favoreceu

O passado no Sporting deu-lhe responsabilidade extra no Tondela?

Sentia essa pressão. Sentia a confiança que me davam. Acho que carreguei muito tempo aquele fardo da jovem promessa. Isso não me favoreceu. No Tondela, havia jogos em que não jogava porque o míster queria outra abordagem e dizia-me que tinha tempo. E, depois, tive empréstimos que não foram muito felizes.

Foi cedido a União da Madeira, Portimonense, Paços e Estoril…

O União foi logo no meu segundo ano de sénior, depois de ter sido um dos que mais jogou na equipa B, na época anterior. Sou emprestado ao União, que tinha acabado de descer e que queria subir. Eu até disse que não queria ir, mas o que me foi dito foi que, se não aceitasse, ficava a correr à volta do campo [em Alcochete]. Não me adaptei e não correu bem, mas não tive grande escolha.

Segue-se o Portimonense…

Aí, foi o ponto crucial na minha carreira de dar o salto ou não. Não foi um empréstimo positivo. Não fui tratado da melhor maneira desde o início e as coisas começaram a azedar. Cheguei lá e os meus colegas estavam todos num resort. Mandaram-me para uma quinta, onde estavam os sub-23. Estavam sete ou oito jogadores em cada quarto e meteram-me na sala, com uma cama. Enquanto estava a descansar, andavam lá a passar miúdos. Eu disse que aquilo não eram condições para um jogador da equipa principal. Foi a partir daí que a relação começou a azedar. O Pedro Delgado, com quem eu partilhei quatro, arranjou-me uma solução e fiquei a dormir na casa dele, em Portimão. Uma das vezes, até dormi no carro, porque não tinha descanso na sala.

Alertou o Sporting para o que estava a acontecer?

Alertei o meu empresário. Eles disseram que a minha situação ia mudar, mas não mudou. Depois, há aquilo que grande parte das pessoas sabe, da minha confusão com o presidente. Houve vários episódios de 'confronto', de eu ir contra… Eu falo com qualquer jogador que passe por esta situação que eu passei e eles dizem-me que iam logo embora. Não fazia sentido... Eu não precisava de estar no luxo máximo, mas nem conseguia, sequer, descansar. Tinha pessoas a passar, não tinha um sítio meu, não tinha nada. Eles, agora, têm condições diferentes, mas, na altura, foi a partir daí que começou a haver um confronto.

E depois, como que dá a volta a essa situação a nível de carreira?

Depois, vou para o Paços Ferreira. Não podia voltar para a I Liga, porque o Sporting tinha um limite. Vou para o Paços, com o míster Vitor Oliveira, e foi quando eu comecei outra vez a jogar. Estive quatro meses sem jogar porque, depois, voltei para o Sporting só a treinar. Foi no Paços que comecei a ganhar, outra vez, a alegria pelo futebol.

Como foi ser orientado por Vítor Oliveira?

Era um treinador incrível, o seu carisma…. Bastava entrar dentro de uma sala. Não precisava dizer nada. Foi com ele que também voltei a jogar mais como médio. Queria estar em todo lado, ir buscar a bola a todo o lado, à direita e à esquerda. Foi ele que me ensinou a esperar pela bola, a ficar entrelinhas. Acho que é uma das coisas em que eu sou mais forte, neste momento. Tudo devido às conversas que ele tinha comigo. Mostrava-me exemplos e tudo mais. Comecei a jogar melhor e a entender melhor a minha posição.

E, depois, chega ao Estoril...

Sim, depois, o Estoril. Na altura, o Sporting também tinha vagas na I Liga e estava com muitos jogadores para colocar. Não me deixavam sair em definitivo porque eu tinha acabado de renovar contrato um ano antes de ir para Portimão. Então, eles queriam que eu ficasse cá, em Portugal, para me verem de perto, mas na II Liga. Na altura, o Tiago Fernandes também estava no Sporting e foi para o Estoril. O Pedro Alves também me ligou e optei para ficar aqui perto. Sim, estávamos bem, mas, depois, acabou o campeonato, com a Covid-19. Não acabámos o campeonato, estávamos em quarto ou terceiro lugar. O campeonato não acabou e subiram as duas equipas que estavam, na altura, no primeiro e no segundo lugares.

Como é que geriu esse meio ano sem jogar devido à pandemia?

Tive sorte, porque, no Sporting, na fase crítica, ficámos em casa todos, mas, depois, voltamos a treinar. A equipa A continuou a jogar, mesmo na altura quem estava emprestado e quem estava nos sub-23 regressou para treinar. Fomos todos para a academia. Então, foi fácil de gerir, porque tínhamos treino e isso limpava a cabeça. O Sporting nunca falhou com salários, nunca pagou metade dos salários, sempre tudo em dia. Então, depois, fui para o Tondela.

Já falámos de Vítor Oliveira. Que outros treinadores o marcaram mais?

Na equipa B, o míster João de Deus. Era muito rigoroso e tudo mais, mas foi o treinador que me deu oportunidade. Joguei muitos jogos com ele, foi o treinador que me deu a primeira oportunidade para me estrear como profissional. Depois, na equipa B, também tive o Luís Martins, que me marcou muito. O nível de afeto dele como ser humano marcou-me e ajudou-me muito, porque eu sou uma pessoa também de ligações e tudo mais. Gostei muito de trabalhar com ele. 

E, depois, o míster Nuno Campos, em Tondela. Eu não estava a passar, talvez, a melhor fase, na altura do Tondela, e ele chegou e deu-me uma confiança incrível. A partir daí, passei a jogar sempre. E os meus números começaram a aparecer e a destacar-me. É um treinador que já passou por vários clube de topo, como adjunto do Paulo Fonseca, e marcou-me por tudo que ele me disse, por tudo também que me ensinou e tudo que conseguiu tirar de mim nessa altura no Tondela.

Pelo meio, também trabalhou com Jorge Jesus...

Taticamente, foi o melhor que apanhei. Se fosse preciso, ele ficava agachado com a linha defensiva durante uma hora. Taticamente, é muito perfeccionista. O feitio dele? Eu sentia isso só algumas vezes, com alguns jogadores, mas, na maior parte do tempo, era um treinador acessível. Esse feitio, acho que é mais nos jogos… Na maior parte do tempo, não vi grandes situações dele. Ia lá [aos treinos] regularmente e não vi grandes situações dele a dar duras. Uma coisa ou outra, mas era mais aquela coisa de tentar buscar a perfeição. Nisso, ele vai até exaustão, mas é incrível.

Seguir a carreira de treinador? Se calhar, ia ser um Sérgio Conceição

A parte humana do treinador também é valorizada pelos jogadores? 

É o segredo de um treinador para ter o balneário do seu lado! Claro que, taticamente, tem de ser muito bom, mas, se tiver esta parte humana, os jogadores vão com ele até ao fim e lutam até à exaustão. Acho que esse é o segredo de um treinador.

Imagina-se, no futuro, a ser treinador?

Não sei se tenho esse feitio. Se calhar, ia ser um Sérgio Conceição [risos]. Não sei se tenho essa personalidade. Vamos ver.

Mas tem vontade de tirar dos cursos da UEFA?

Sim, tenho. Tenho vontade, mas ainda estou muito focado na carreira como jogador. Tenho vontade de tirar o curso, aprender e, depois, logo vejo o que pode sair dali.

Com 28 anos, que objetivos ainda tem na carreira?

Agora, tenho em mente crescer no campeonato em que estou, e, se possível, ir para uma equipa maior. Mas, primeiro, tenho de ajudar o Radomiak nos seus objetivos e crescer no campeonato. Agora, é criar estabilidade também para o futuro e experimentar, talvez, outros países, ganhar outras experiências e criar uma estabilidade financeira para o meu futuro.

Tem algum país que salte à vista, que ache que seria uma boa oportunidade?

Neste momento, acho que gostava de jogar na Ásia. 

O que o atrai na Ásia? Os estádios cheios?

Os estádios cheios tenho na Polónia, que é uma coisa que, em Portugal, não sei se vai existir algum dia. Por exemplo, imaginem um Arouca-Farense com 10, 15, 20 mil pessoas. É incrível. Os estádios estão sempre cheios. Mas digo a Ásia porque tem culturas diferentes, tem países que eu gostava de visitar… É isso que me atrai.

Como é a relação com os adeptos na Polónia?

É semelhante em termos de proximidade, mas sentimos muito mais exigência e sentimos que cobram muito mais do que em Portugal. Consegues sentir, mesmo depois dos jogos... Se não ganhas um jogo, sentes muito mais os adeptos e tens de ir ter obrigatoriamente com eles, no final. Tens de dar a cara, algo que não acontece sempre em Portugal.

O ambiente no Estádio São Luís já foi muito elogiado…

Sempre gostei muito de jogar no São Luís, mesmo contra o Farense, porque é um dos estádios que tem mais adeptos. O que levo do São Luís é que irá ser sempre um estádio que me marcou e que irá ser sempre muito difícil a jogar lá, porque os adeptos não param. Tem um ambiente muito caloroso.

Se tivesse de escolher uma memória ao serviço do Farense, o que é que escolhia?

Talvez o golo que marquei, que, depois foi considerado melhor do mês, apesar de não ser no São Luís, foi no Bessa. E também quando conquistei a minha titularidade, lá em Faro. Foi com o Boavista também, mas, aí, em casa, no São Luís. Acho que foram os momentos que mais marcaram porque, tanto num como no outro, estava a passar por dificuldades em termos de não jogar e, psicologicamente, estava rebentado. Então, foram dois momentos importantes. O primeiro deu-me forças para continuar a lutar e o segundo fez-me pensar em tudo que eu o que tinha passado para lá chegar.

Notícias ao Minuto Rafael Barbosa esteve uma época e meia no Farense e atingiu a marca dos 38 jogos
© Getty Images
 

Nessas altura de maior ansiedade procurou ajuda profissional?

Procurei, porque, para mim, foi muito difícil. Fui para Faro com o objetivo de chegar lá, destacar-me e dar o salto. Tinha propostas de fora, para ganhar mais dinheiro, mas quis ficar em Portugal para dar o salto. Cheguei lá e só comecei a ser titular em março. De agosto a março, não joguei a titular. Então, para mim, foi duro. Tinha esse objetivo de ainda conseguir chegar a um patamar superior e carregava, de certa forma, um peso muito grande. E, no Farense, comecei a perder esse peso. Comecei a aceitar as coisas como são. Tenho de continuar a trabalhar e sem grandes expectativas e viver o dia a dia sem pensar muito no futuro.

Ter passado pelo Sporting deu peso extra a esse fardo que carregou?

Eu acho que não nos foi incutido, nem fazem com que nós fiquemos com esse fardo. Mas eu, como tinha grandes objetivos e como em toda a minha formação fui sempre destaque, carreguei dentro de mim isso e, depois, começou a ser uma bola de neve. Agora, como eu fui para a Polónia, já não penso dessa maneira, esse peso já saiu dentro de mim. Acho que, agora, com a minha ida para a Polónia arrumei essa gaveta. Estou tranquilo com isso.

Na formação do Sporting cruzou-se com algum jogador que o tenha impressionado? E, por outro lado, outro cuja carreira o tenha surpreendido?

Da minha geração, tenho um exemplo do Matheus Pereira, que era um jogador tecnicamente muito evoluído, fora de série. Fez uma carreira bastante interessante. E um jogador que esperava menos... o [João] Palhinha, talvez. Era um jogador que, tecnicamente, não era muito evoluído, mas a maneira como ele trabalhava dentro de campo, como ele corria, como ele era agressivo, fez com que se tornasse no jogador que é hoje. Não imaginaria que ele chegasse ao Bayern Munique, mas era alguém que, naquela altura, era um trabalhador nato, e fico muito feliz por ele, tanto pelo que conseguiu no clube como na seleção. Mas não imaginava essa progressão. 

Tem alguma história de praxes em Alcochete que queira partilhar?

Na minha altura, quando eu cheguei lá, havia mais facilidade para os mais velhos fazerem praxes. Quando eu era mais velho, era mais complicado, já havia castigos para nós, mas acordei muitas vezes com pasta de dentes, champôs no cabelo... Nuno Reis, Diogo Amado e Pedro Mendes, esses jogadores, na altura, eram juniores, e eu passei muito mal com eles. Mas, já mais velho, íamos com os miúdos mais novos para o relvado com chuteiras de alumínio e eles já tinham de fugir de nós a fazer carrinhos. Agora, pensando bem, era um pouco arriscado [risos]. Mas são histórias que ficam na academia.

Apesar de todas as dificuldades, acho que vão conseguir revalidar o título

Como tem visto a luta pelo título?

Acho que o Sporting, se não tivesse as dificuldades que teve com as lesões, já teria uma vantagem maior. Mas eu quero acreditar que o Sporting seja campeão na mesma. Apesar de todas as dificuldades, acho que vão conseguir revalidar o título.

E o Farense, irá conseguir a permanência? 

Eu gostava que sim. Estão a ter uma fase de jogos complicada, mas não é impossível. Enquanto há possibilidades matemáticas, não é impossível. É um clube estável e que não falha em nada. Tem de estar na I Liga.

Leia Também: Não faltam 'pesos pesados'. O onze da carreira de Rafael Barbosa

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