Foi árbitro durante duas décadas anos e conhece os bastidores do futebol como ninguém. É esse o lado que Pedro Henriques quer agora dar a conhecer ao comum dos adeptos com o livro 'Árbitro de Bancada'. O comentador desportivo recordou, em entrevista ao Desporto ao Minuto, o pior momento da sua carreira e destacou os jogos em que sentiu maior orgulho de dirigir.
Qual é o momento/erro que recorda como o pior da sua carreira, aquele que ficou marcado na sua memória?
Os meus piores momentos não têm a ver com decisões de arbitragem. Tive muitas decisões boas e muitos erros, mas o pior momento está associado a uma questão pessoal. Foi quando o meu pai faleceu, a 1 de janeiro de 2008. O Vítor Pereira foi ao funeral e perguntou-me quando é que estaria disponível para regressar e eu disse-lhe que queria arbitrar o mais rápido possível. Foi um V. Setúbal-Sporting, para a Taça da Liga, o V. Setúbal ganhou 1-0. Esse jogo custou-me porque havia ali aquele misto de tristeza e vontade, porque o meu pai era um apaixonado por futebol. Portanto, de um lado estava a vontade de arbitrar e do outro a tristeza pela perda de uma pessoa com quem vivi toda a vida. Agora, a grande penalidade, o dirigente que diz menos bem de mim, isso passa-me ao lado. Na altura sentia, mas não guardo esses momentos na memória.
E o melhor?
Os melhores momentos estão associados a grandes jogos que fiz. Não posso deixar de salientar a final da Taça de Portugal. Ir ao Jamor é uma coisa especial. E depois os Benfica-Sporting, o FC Porto-Sporting… Há uns jogos e depois há estes e são coisas que nos marcam. São totalmente diferentes, os estados [de espírito], as pessoas, aquilo que se fala antes e depois. A intensidade daqueles jogos faz-nos perceber que é claramente um jogo importante. Fiz três Benfica-Sporting seguidos - 2005/06, 06/07 e 07/08, curiosamente todos eles no Estádio da Luz -, e esses jogos marcaram-me muito. Todos nós, quando somos pequenos, temos no nosso imaginário que Benfica, Sporting e FC Porto são os clubes referência do futebol.
E depois as saídas internacionais, embora não tenha sido internacional, com o Pedro Proença, com o Duarte Gomes. Esses jogos da Liga dos Campeões, da Liga Europa, a nível de seleções marcam muito, porque chegamos lá e vemos que é um mundo diferente.