No futebol, como na vida, existem desilusões, imprevistos, más escolhas e momentos complicados em que a luz ao fundo do túnel parece não aparecer. Aí, só a determinação e o espírito de sacrifício podem ajudar a 'escavar' esse caminho que permita reencontrar a felicidade. André Carvalhas, uma das maiores promessas do Benfica na última década, viveu precisamente um episódio que reflete esta realidade.
Depois de uma grande temporada ao serviço do Cova da Piedade, o 'Maradona' do Seixal, como já foi apelidado, viu-se preso numa espécie de 'armadilha' ao transferir-se para o Zaria Balti, da Moldávia. Esta quarta-feira, em dia do 29.º aniversário, o agora jogador do U. Madeira explica, em exclusivo ao Desporto ao Minuto, o que correu mal nesta aventura.
"Foi um choque chegar lá e ver o nível de condições de trabalho numa equipa que pretende ir à Liga Europa. São condições degradantes, que não têm os requisitos mínimos para os jogadores poderem fazer o seu trabalho. E quando assim é torna-se muito complicado. Estamos a falar de infra-estruturas e... de tudo e mais alguma coisa. Tudo o que um jogador precisa para se sentir bem e trabalhar, ali simplesmente não existe. Não há ginásio, não há fisioterapia, têm campos que... só visto. Contado ninguém acredita! As balizas não tinha redes, por exemplo...", recorda o médio, sublinhando que tudo foi uma surpresa.
"Não tinha a mínima ideia que era assim. Quando fui para lá pensava que o clube tinha condições, até porque jogava a Liga Europa - foi eliminado pelo AEL Limassol na 2.ª pré-eliminatória -, sabia que ia para um país com uma cultura diferente, onde, à partida, teria mais dificuldades do que em Portugal, que é a minha zona de conforto, mas nunca esperei tal situação. Foi incrivelmente mau! Desde as pessoas que trabalham nos clubes, passando pela corrupção que impera. Enfim, é um país muito difícil para se trabalhar", frisa.
André Carvalhas chegou à Moldávia depois de uma grande época no Cova da Piedade.© Facebook
Dado este calvário, André Carvalhas tomou a decisão imediata de sair do clube, realizando apenas quatro jogos. No mercado de inverno, o médio voltou a Portugal e seguiu para a Madeira para representar o União. "Quis logo voltar ao nosso país, a um campeonato que conheço bem, e quando surgiu esta oportunidade não hesitei", lembra, admitindo que esta foi uma "lição de vida" para si e para outros jogadores: "Serviu de aprendizagem e agora sei que dificilmente me apanham noutra nestas condições."
Na ilha, André Carvalhas voltou a sorrir e... a brilhar. Até ao momento, soma seis jogos, duas assistências e dois golos. O último foi mesmo na última jornada da 2.ª Liga, no empate (1-1) frente ao V. Guimarães B. "Estes primeiros tempos estão a correr muito bem. A adaptação foi fácil, pois é uma ilha com uma grande qualidade de vida, vive-se bem, o clube tem excelentes condições e vamos fazer um bom resto de temporada", prometeu, revelando: "Quero ajudar a equipa no maior número de jogos possível, fazer o que melhor sei e se assim for todos sairemos valorizado. O principal objetivo é a manutenção".