Grupo chinês que quer comprar seguros do Montepio enfrenta grave crise

O grupo chinês CEFC Energy, que quer comprar o ramo segurador do Montepio, atravessa uma grave crise, suscitada pelo desaparecimento do seu presidente e o fracasso do negócio para comprar 14,16% da petrolífera russa Rosneft.

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© Global Imagens

Lusa
07/05/2018 08:52 ‧ 07/05/2018 por Lusa

Economia

CEFC Energy

 

As agências de rating chinesas reduziram a classificação do crédito da empresa para nível "lixo", tornando mais difícil o seu financiamento, numa altura em que os credores processam a firma, visando assegurar ativos.

O jornal chinês China Business News escreve que dezenas de instituições que adquiriram obrigações do grupo reuniram-se, este fim-de-semana, num hotel em Xangai, a "capital" financeira da China, para exigir informações sobre a situação financeira do grupo e garantias de reembolso da dívida.

Mais duas reuniões de investidores estão agendadas para hoje e dia 15 de maio, com um total de dois mil milhões de yuan (263 milhões de euros) em obrigações do grupo a expirar em 21 de maio.

Com sede em Xangai, a "capital" económica da China, o CEFC está no processo de compra das seguradoras do Montepio, enquanto a Fundação Calouste Gulbenkian decidiu pôr termo à negociação que decorria com o grupo para a venda da petrolífera Partex, devido à "incapacidade desta empresa em esclarecer cabalmente" uma investigação ao seu presidente.

O presidente da Associação Mutualista, Tomás Correia, afirmou também já que duvida que a venda do ramo segurador do Montepio ao CEFC se concretize, mesmo que obtenha luz-verde do regulador.

Ye Jianming, fundador e presidente da empresa, está desaparecido desde março passado, quando a imprensa chinesa avançou que se encontrava "sob investigação" das autoridades na China.

Na altura, a empresa negou que o seu presidente esteja a ser investigado e afirmou que aquelas notícias "não têm fundamento".

O jornal de Hong Kong South China Morning Post avança também que o governo do município de Xangai tentou assumir o controlo do grupo, através da estatal Shanghai Guosheng, mas a empresa acabou por retroceder, após avaliar a situação financeira do CEFC.

A firma tornou-se mundialmente famosa no ano passado, quando acordou pagar 7,4 mil milhões de euros por 14,16% da petrolífera russa Rosneft.

O consórcio que detinha aquela participação, composta pelo fundo soberano do Qatar e a gigante da mineração Glencore, no entanto, anunciaram na sexta-feira que suspenderam o negócio.

Já no ano passado, uma proposta de 92 milhões de euros do CEFC pela empresa financeira norte-americana Cowen Group foi travada pelo governo dos Estados Unidos por motivos de segurança nacional.

Também nos EUA, uma investigação anticorrupção chamou a atenção para o grupo, após Chi Ping Patrick Ho, que geria uma organização não-governamental em Hong Kong financiada pelo CEFC, ter sido acusado por um tribunal de Nova Iorque de corrupção e lavagem de dinheiro.

O Departamento de Justiça norte-americano acusa Ho de ter subornado funcionários do Chade e do Uganda em troca de contratos para uma empresa de energia chinesa. Registos públicos indicam que Ho representava a CEFC China's China Energy Fund, em 2011.

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