"Incerteza" em Itália pode criar "pressões para a zona euro"

O economista-chefe em exercício da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Álvaro Santos Pereira, alertou, hoje, em Paris, para que a "incerteza política e de políticas" em Itália pode "criar, no futuro, pressões para a zona euro".

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Lusa
30/05/2018 13:52 ‧ 30/05/2018 por Lusa

Economia

Santos Pereira

 

O ex-ministro português da Economia, que falava aos jornalistas à margem da apresentação das perspetivas económicas da OCDE, explicou que as previsões divulgadas hoje ('Economic Outlook') "não levam em linha de conta a incerteza que existe neste momento, principalmente em Itália".

"É verdade que essa incerteza política e de políticas (...) pode criar, no futuro, pressões para a zona euro. E o que nós estamos também a dizer muito claramente é que qualquer que seja o governo que venha em Itália, tem de continuar com as reformas e tem de ser prudente fiscalmente", afirmou o coordenador do 'Economic Outlook'.

Álvaro Santos Pereira recordou que Itália "tem uma dívida pública de 132%" do Produto Interno Bruto (PIB) e, por isso, "não há margem para fazer experimentalismos drásticos" nem para "pôr em risco a própria economia".

"É importante que a política económica não arrase com tudo que seja a economia, portanto, é fundamental continuar reformas e ser prudente na parte fiscal", aconselhou.

A OCDE reviu em alta as previsões do crescimento mundial para este ano e para 2019, para 3,8% e 3,9%, mas alertou para vários riscos, incluindo o de uma eventual guerra comercial.

O economista-chefe em exercício da OCDE explicou que "os riscos têm a ver, principalmente, com as tensões comerciais que têm acontecido", com um aumento, desde 2007, das medidas restritivas no comércio mundial e com "uma escalada das tensões comerciais" nos últimos meses.

"Nós sabemos, por experiências históricas, que se estas tensões continuarem e se forem agravadas, vamos ter consequências bastante nefastas para a economia", continuou, sublinhando que "a solução não é aumentar as tarifas" nem "as barreiras ao comércio de serviços ou de bens".

Os outros riscos estão associados ao "aumento dos preços do petróleo, que aumentaram 50% no último ano", e ao "excesso de volatilidade nos mercados financeiros".

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