"O concurso para a Soflusa e para a Transtejo será aberto em janeiro. Mas, mais importante do que isso, já foram investidos 18 milhões de euros para fazer a reparação integral de todos os navios, porque todos eles precisavam de maior ou menor dimensão", afirmou o primeiro-ministro durante o debate quinzenal, que decorreu hoje na Assembleia da República.
Costa falava em resposta a uma interpelação da coordenadora nacional do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, e num dia marcado por problemas com passageiros que invadiram uma embarcação, no terminal do Seixal, devido à falta de navios.
A deputada do BE referiu esse acontecimento na sua intervenção, apontando que "os utentes dos barcos desesperam todos os dias para ir trabalhar, mas também desesperam os utentes dos comboios e dos metros".
"São suprimidas ligações neste país quase todos os dias", acrescentou, falando em "barcos parados, comboios parados, autocarros parados, falta de manutenção e falta de renovação das frotas".
Catarina Martins salientou também que "uma das medidas mais importantes do Orçamento do Estado" é a redução dos tarifários dos transportes públicos, mas ressalvou que "esta medida só tem o impacto necessário se existirem transportes".
"E nós bem sabemos que a direita deixou os transportes em agonia, mas já passou muito tempo e há muita despesa por executar", considerou, o que valeu reações por parte dos deputados do PSD e a intervenção da mesa.
A deputada quis saber ainda para quando mais barcos, mais material circulante na CP - Comboios de Portugal e "quando vão ser contratados os maquinistas e os motoristas que faltam".
Em abril, o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, anunciou no parlamento que iria ser lançado até ao final do verão um concurso para a aquisição de 10 novos navios para reforço da frota da Transtejo.
João Matos Fernandes referiu que a aquisição destes 10 novos navios, que deverão estar disponíveis até 2022, representa um investimento de 50 milhões de euros, dos quais 15 serão financiados com fundos comunitários.
O governante apresentou uma calendarização da aquisição destes navios, perspetivando quatro para 2020, três para 2021 e outros três em 2022.
A Transtejo assegura as ligações fluviais entre o Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão e Lisboa, enquanto a Soflusa é responsável por ligar o Barreiro à capital.
Hoje, o primeiro-ministro referiu que já foram investidos "310 milhões de euros" nos transportes públicos e defendeu que "é assim" que é necessário "continuar a fazer, é prosseguir, é investir com segurança", de forma a poder "melhorar os transportes públicos".
Costa apontou que o Governo tem também "estado a investir no metro, na contratação de maquinistas", e falou num "grande investimento que foi ainda agora aprovado quer para as novas composições quer para a substituição do sistema de segurança".
Dirigindo-se diretamente a Catarina Martins, o governante salientou: "tem toda a razão, nós faremos uma revolução na acessibilidade ao transporte público com o novo tarifário, mas precisamos aumentar a oferta para corresponder a esse desejável aumento da procura".
"E é por isso que é necessário que este investimento seja concluído e que este investimento corresponda, de facto, a esse aumento da oferta", acrescentou.