Em declarações aos jornalistas após o anúncio do final da greve, no Ministério das Infraestruturas e Habitação, Pedro Henriques, do Sindicato dos Motoristas de Matérias Perigosas (SMMP), congratulou-se com o entendimento conseguido e disse esperar que até ao final do ano se consiga concluir o acordo de negociação coletiva.
"Vamos dar início às negociações com a ANTRAM [Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários de Mercadorias], com supervisão do Governo, para negociar as cláusulas da negociação coletiva desta classe profissional. A primeira reunião é dia 29 e tem como objetivo até ao final deste ano estar fechado este acordo coletivo de trabalho até final do ano", afirmou o responsável.
Pedro Henriques disse ainda que o que fez o sindicato desconvocar a greve foi "a garantia da ANTRAM e do Governo de que se iniciaria esta negociação coletiva de trabalho" e o compromisso do executivo de que este acordo estaria fechado até final do ano e que as negociações decorrerão "com tranquilidade".
"Não está em causa apenas uma negociação, está em causa o reconhecimento oficial da categoria de motorista de matérias perigosas", afirmou Pedro Henriques.
O representante sublinhou que o sindicato tinha consciência de que "a manutenção do direito pela greve iria causar ainda mais problemas ao país, que parou em três dias".
"Não era nossa intenção. Manifestamo-nos sempre de forma pacífica para alertar para a importância que estes homens têm, pois sem eles o país para, mas o país não os conhecia nem os reconhecia", acrescentou.
No entendimento conseguido hoje, as partes comprometem-se a "diligenciar pela manutenção de um clima de diálogo e paz social, mantendo o diálogo como forma de resolução de diferendos ou divergências até ao fim das negociações", abstraindo-se de "outras formas de pressão, nomeadamente greves".
Em declarações aos jornalistas, o presidente da ANTRAM, Gonçalo Duarte, disse que para a associação era "muito importante fechar este ciclo de dias muito duros".
O representante felicitou as empresas, que "souberam aguentar dias difíceis", e os trabalhadores destas empresas, que "ajudaram a que o que é tão essencial como o combustível e as energias conseguissem chegar a casa das pessoas e aos postos de abastecimento, nunca virando a cara à luta".
O responsável frisou que a ANTRAM é uma associação empresarial "sempre muito virada para a negociação, o entendimento e todas as formas de desenvolvimento de atividade e valorização da profissão e do setor".
Gonçalo Duarte agradeceu às forças de segurança por terem encontrado alternativas durante a greve e ao Governo pela forma como ajudou a que se chegasse ao entendimento conseguido hoje para começarem as negociações de um novo acordo coletivo de trabalho.
A desconvocação da greve dos motoristas de matérias perigosas, que tinha começado na segunda-feira, foi anunciada hoje de manhã pelo ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos.