"O NECEP estima que, no 2º trimestre de 2019, o PIB [Produto Interno Bruto] tenha crescido 0,6% em cadeia, não muito longe dos 0,5% relativos ao 1º trimestre, com a variação homóloga a manter-se nos 1,8%", indicam os economistas da Católica na Folha Trimestral de Conjuntura, hoje divulgada.
O NECEP adianta que "o ambiente geral da economia portuguesa manteve-se face ao último trimestre, com a generalidade dos indicadores de alta frequência a validar a permanência da melhoria registada no início do ano".
Os economistas da Católica antecipam uma "nova descida da taxa de desemprego", dos 6,8% para os 6,2%, "em parte motivada por fatores sazonais".
Relativamente ao investimento, o NECEP destaca o seu "crescimento intenso" no primeiro trimestre, de 8,2% em cadeia e 11,6% face ao período homólogo, adiantando que, "fruto deste arranque de ano fulgurante, dificilmente o investimento crescerá menos de 10% em 2019, mesmo num cenário de crescimento moderado nos trimestres subsequentes do ano".
Os economistas da Católica mantêm o cenário central da previsão para 2019 em 2,1%, devido à "dinâmica muito favorável do investimento", mantendo também as perspetivas de expansão para 2020 e 2021 em 2,1%.
As previsões do NECEP são mais otimistas que as do Governo, que espera uma expansão do PIB de 1,9% este ano e no próximo e que as da Comissão Europeia, que manteve hoje em 1,7% a sua previsão de crescimento da economia portuguesa para 2019 e 2020.
Os economistas da Católica alertam, contudo, que "continuam a subsistir diversos riscos sobre a economia portuguesa, predominantemente de sentido descendente e latentes sobretudo a curto prazo", nomeadamente devido à perspetiva de fraco crescimento da zona euro este ano, num contexto de riscos acrescidos sobre o comércio internacional e de crescente volatilidade.
O NECEP frisa ainda que "também a economia mundial parece atravessar uma fase de crescimento menos intenso, o que pode vir a penalizar as exportações portuguesas" e que "os riscos geopolíticos, comerciais e monetários mantêm-se num nível invulgarmente elevado".
Os economistas da Católica alertam ainda que a evolução recente das balanças externas com o retorno a saldos negativos, "embora ainda relativamente despicientes", aconselha "redobrada prudência".
Em entrevista à Lusa, questionada sobre o facto de Portugal ter voltado a registar, seis anos depois, um défice externo no ano que terminou no primeiro trimestre de 2019, Teresa Ter-Minassian, a economista que chefiou a missão do FMI em Portugal em 1983, referiu que, ao nível atual, o défice da conta corrente "é pequeno e pode ser financiado através do investimento direto estrangeiro".
No entanto, Teresa Ter-Minassian frisou que "a evolução nos próximos anos deve ser monitorizada, para garantir que continua gerível no (provavelmente menos favorável) ambiente externo".