“Nós sabíamos que um programa de ajustamento implica dor, mas foi muita dor para tão pouco ajustamento. Foi desproporcionada”, sendo que “castigou-se muito o cidadão para resultados que, quanto a mim, são incipientes”, considerou o presidente do Conselho Económico e Social (CES), José Silva Peneda, em entrevista ao i.
De acordo com o político, “há aspectos positivos [deste memorando], como o saldo primário do défice e a balança de transacções correntes. Mas não se pode deixa de haver um julgamento sobre este tipo de apoios que são feitos a países sem conhecer a realidade de cada um”.
No que toca às forças sociais, o presidente do CES considerou que estas “estabeleceram um compromisso (…), mas a ausência de pontes entre as forças políticas” preocupa Silva Peneda. Além disso, “os partidos políticos estão dissociados do nosso tempo, e mais cedo ou mais tarde vão ter de se entender, porque vai colocar-se a questão da sobrevivência”.
Contudo, “a troika tem mais responsabilidades [do que o Executivo] pela posição que ocupa, por estar do lado dos credores e por ter o poder de impor”, sublinhou o representante daquele organismo, referindo que “se o Parlamento Europeu fizer o inquérito à forma como a troika desempenhou as suas funções e se quiser ouvir os parceiros sociais, o CES tem provas documentais”.
O programa tem três objectivos, sintetizou Silva Peneda, sendo estes “equilibrar as contas públicas, reformar o Estado e pôr a economia a crescer”. Por conseguinte, “é necessário que estes objectivos sejam perseguidos de forma coordenada, ao contrário do que aconteceu até aqui, em que se apostou exclusivamente no equilíbrio orçamental”.