Pardal Henriques, vice-presidente do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) voltou a falar ao país esta quinta-feira, depois de o Governo ter fixado ontem os serviços mínimos entre os 50 e os 100% para a greve que começará na segunda-feira.
O porta-voz do SNMMP começou por referir, em conferência de imprensa, que “estamos a assistir a uma luta desigual”.
De um lado, disse, estão os trabalhadores “que lutam por direitos protegidos e consagrados constitucionalmente”, nomeadamente "o direito a serem remunerados justamente pelo trabalho e responsabilidade que têm, o fim do horário que lhes é imposto de forma desumana e que lhes é pago por meio de esquemas ilegais que encerram uma fraude fiscal qualificada que ascende a 300 milhões de euros por ano, lesando-os nos seus direitos a uma reforma justa, uma baixa por doença (...)".
Do outro lado, prosseguiu, “estão as empresas aliadas com o Governo”. Pardal Henriques critica esta “aliança” considerando que se verificou “desde o início”: “Verificamos desde logo que quem se comprometeu a aumentar o salário destes motoristas para 900 euros, desconvocando-se uma greve para tal, (…) não mais apareceu”, disse referindo-se ao presidente e ao vice-presidente da Antram.
Desde então, apontou, foi “nomeado um representante e porta-voz das empresas que é em simultâneo nomeado pelo Governo para pelo menos três cargos de grande responsabilidade. A aliança existe desde o início, insistiu, reforçando a ideia inicial: “E quando assim é - e assistimos esta aliança clara contra os direitos democráticos de todos os portugueses - a luta é desigual”.
“Os responsáveis pelas filas que já hoje se verificam para o abastecimento e os transtornos que todos os portugueses terão só poderão ser imputados à Antram e ao Governo, pois teimam em não cumprir a lei”O porta-voz sindical vai mais longe e acusa mesmo a Antram e o Governo de serem os responsáveis “pelas filas que já hoje se verificam para o abastecimento” e os “transtornos que todos os portugueses terão” com a greve que se avizinha.
E ainda sobre os serviços mínimos fixados pelo Governo esta quarta-feira, Pardal Henriques disse que "assistimos a uma declaração contra a democracia".
"Ao serem fixados serviços máximos, o Governo declarou que estes motoristas e os direitos protegidos constitucionalmente não têm qualquer importância. Mas não só estes motoristas, todo o setor laboral. Os trabalhadores ficaram mais pobres ontem. O mundo laboral ficou mais pobre ontem. E o que aconteceu a estes motoristas pode acontecer a todos os portugueses e a todos os trabalhadores", defendeu, antes de ler um comunicado conjunto de diversas organizações sindicais de apoio aos motoristas de matérias perigosas e de mercadorias.
O advogado reafirmou que os plenários de trabalhadores no sábado são a "última oportunidade" para a Antram apresentar uma proposta que cancele a greve dos motoristas. "Será até a essa hora [15h00], nesse plenário, a última oportunidade que a Antram tem para dizer 'meus senhores, vamos apresentar uma contra proposta para evitar esta greve'", repetiu.
No sábado realiza-se um plenário do SNMMP, em Aveiras de Cima, distrito de Lisboa, no qual "vão ser discutidos assuntos importantes do mundo laboral", segundo Pardal Henriques.
Recorde-se que a greve dos motoristas que ameaça parar o país está agendada para a próxima segunda-feira, dia 12 de agosto. Há 374 bombas de combustível que integram a rede estratégica de postos de abastecimento (REPA) onde os serviços serão garantidos a 100%. Refira-se que 54 destes postos se destinam ao abastecimento de veículos prioritários ou equiparados, tais como ambulâncias e carros de bombeiros.