"É com alguma tristeza que vemos o Governo a decretar a requisição civil, quando os serviços mínimos que foram decretados estavam a ser assegurados por estes trabalhadores", afirmou Pedro Pardal Henriques, que falava aos jornalistas em Aveiras de Cima, distrito de Lisboa.
De acordo com o também advogado, o Governo está a "colocar à margem" estes trabalhadores e a dificultar a reivindicação dos direitos.
Pedro Pardal Henriques reiterou que os motoristas cumpriram os serviços mínimos, dentro da "jornada normal" de oito horas diárias e acrescentou que pretendem continuar a fazê-lo.
"O Governo foi eleito por eles [motoristas] e para os representar, mas, na verdade, está a dificultar a reivindicação dos direitos. Foi com tristeza que viram este despacho de requisição civil, mas amanhã estarão aqui para dar cumprimento, tal como fizeram hoje", defendeu.
O assessor jurídico do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) lamentou ainda que estes trabalhadores estejam a ser tratados como se fossem criminosos, enquanto veem o "Governo proteger quem prevarica".
O Governo decretou hoje a requisição civil dos motoristas em greve, alegando incumprimento dos serviços mínimos, anunciou o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, após reunião do executivo por via eletrónica.
Segundo Tiago Antunes, o Governo constatou hoje, particularmente no turno da tarde, que os sindicatos que convocaram a greve dos motoristas de mercadorias e de matérias perigosas "não asseguraram os serviços mínimos" fixados pelo executivo.
"O Governo não teve alternativa senão a de reconhecer a necessidade de proceder à requisição civil dos motoristas em situação de greve com vista a assegurar o cumprimento dos serviços mínimos", declarou, acrescentando que a medida será "gradual" e aplicada às áreas "em que se constata o incumprimento".
O primeiro camião conduzido pelas autoridades saiu de Aveiras de Cima pelas 20:00 em direção ao aeroporto.
Os motoristas cumprem hoje o primeiro dia de uma greve marcada por tempo indeterminado e com o objetivo de reivindicar junto da associação patronal Antram o cumprimento do acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.
A greve foi convocada pelo SNMMP e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), tendo-se também associado à paralisação o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN).
O Governo decretou serviços mínimos entre 50% e 100% e declarou crise energética, que implica "medidas excecionais" para minimizar os efeitos da paralisação e garantir o abastecimento de serviços essenciais como forças de segurança e emergência médica.