Em declarações à agência de informação financeira Bloomberg, à margem de uma conferência em Abu Dhabi, Gabriel Mbaga Obiang Lima disse que a evolução dos preços do petróleo, atualmente a rondar os 63,5 dólares por barril, será fortemente influenciada pelas eleições presidenciais norte-americanas.
"Se o Presidente norte-americano continuar a ser o mesmo, não haverá mudanças na política energética dos EUA, mas se for outra pessoa que não Donald Trump, então o petróleo de xisto vai entrar em sérias dificuldades porque certamente haverá mais regulação", disse Gabriel Lima.
A Guiné Equatorial aderiu à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) em maio de 2017, e deverá aumentar a sua produção petrolífera em 10 a 15 mil barris diárias em outubro, quando o poço explorado pela Noble Energy entrar em funcionamento.
As declarações de Gabriel Lima surgem no mesmo dia em que a OPEP reviu em baixa as estimativas de consumo de petróleo para 2019 e 2020 devido à generalizada, ainda que ligeira, desaceleração do crescimento económico resultante da guerra comercial, as incertezas do 'Brexit' e os problemas da Alemanha.
No relatório mensal do mercado do petróleo, hoje divulgado, a OPEP prevê que o consumo de petróleo seja em média de 99,84 milhões de barris por dia, mais 1% que em 2018, mas abaixo do calculado no mês passado.
A OPEP justifica esta revisão em baixa, de 80.000 barris por dia ou 0,08%, com base nos dados do consumo da primeira metade do ano que foram "mais fracos do que o esperado" e nas "projeções de crescimento económico mais lento no que resta deste ano".
A OPEP também reviu em baixa a estimativa da procura para o próximo ano, menos 100,92 milhões de barris por dia ou 0,06% do que o valor antecipado no mês passado, devido à necessidade de ter em conta as alterações das perspetivas económicas para 2020.
Neste sentido, a OPEP estima que a economia mundial crescerá 3% em 2019 e 3,1% em 2020, menos uma décima em ambos os casos.
Apesar da revisão em baixa do crescimento do consumo de petróleo, a OPEP continua a esperar em 2020 se supere pela primeira vez a barreira dos 100 milhões de barris por dia, sustentado sobretudo pelo aumento da procura na China e na Índia.
Em contrapartida, os países mais industrializados da Europa consumirão menos 0,21% que neste ano, enquanto nos Estados Unidos e na América Latina se preveem aumentos do consumo de 0,69% e de 1,14%, respetivamente.
A OPEP assegura também que a estratégia de reduzir a produção em 1,2 milhões de barris por dia até março de 2020, concertada entre os 14 sócios e vários outros produtores, como a Rússia, contribuiu para estabilizar o mercado do petróleo.