Um funcionário público que tenha um salário bruto de 1.000 euros por mês vai receber mais 1,88 euros por mês líquidos, em virtude da atualização salarial de 0,3% proposta pelo Governo para o próximo ano, de acordo com uma simulação realizada pela consultora EY, na quinta-feira, a pedido do Notícias ao Minuto.
Os cálculos revelam que um trabalhador do Estado com uma remuneração de 1.000 euros, sem descontos, passará a receber 14.042,00 euros brutos anuais, mais 42 euros do que este ano. Em termos líquidos - ou seja, já com os descontos para o IRS, Segurança Social e ADSE - esse valor deverá cifrar-se nos 10.322,91 euros anuais, o que significa mais 26,25 euros por ano.
Na prática, é isto que os funcionários públicos levam para casa a mais no próximo ano: dividindo pelos 14 meses (incluindo subsídio de Natal e férias) dá aproximadamente 1,88 euros por mês.
A consultora fez ainda a mesma simulação para trabalhadores do Estado com salários de 1.500 euros e 2.000 euros, que com este aumento de 0,3% vão receber mais 2,57 euros e três euros líquidos, respetivamente.
Estes cálculos da EY, sublinhe-se, têm por base um funcionário público solteiro, sem dependentes, residente no continente e sem deficiência. Ressalva ainda a EY que o contribuinte "aufere exclusivamente rendimentos do trabalho dependente, não auferindo rendimentos de outra natureza". Ou seja, trata-se apenas de uma simulação, para perceber, na prática, em quanto se reflete um acréscimo de 0,3%. Porém, cada caso é um caso.
Ainda assim, já a dirigente da Frente Comum, Ana Avoila, tinha alertado para estes valores, explicando que um aumento de entre 0,3% ou 0,4% significaria uma subida de "dois euros para os assistentes operacionais por mês, oito cêntimos por dia".
De recordar que o Governo volta, esta sexta-feira, a reunir-se com os sindicatos da Função Pública depois de ter apresentado, na quarta-feira, uma proposta de aumentos salariais de 0,3% para 2020, o que motivou duras críticas dos dirigentes sindicais.
O Governo defende que a atualização salarial no próximo ano, somada às outras medidas já tomadas com impacto nas remunerações, como o descongelamento das progressões na carreira, terá um custo total de 715 milhões de euros, correspondente a um aumento médio de 3,2% por trabalhador.
Porém, o argumento do Executivo não convenceu os dirigentes sindicais, que exigem aumentos salariais de 3% ou superiores.