"Qualquer dia" o Governo quer trabalhadores na Função Pública e "não tem"

O líder da CGTP avisou hoje que, ou se valoriza o papel da administração pública, ou Portugal pode "correr o risco" de "qualquer dia" o Governo querer melhorar os serviços públicos e não ter trabalhadores.

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Lusa
16/01/2020 13:50 ‧ 16/01/2020 por Lusa

Economia

CGTP

Em Braga, à margem do congresso da Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública (FNSFP), Arménio Carlos salientou a importância dos funcionários públicos dizendo que, se não tivesse sido pela sua "intervenção", os serviços públicos "teriam colapsado".

Numa ação que marca a despedida de Ana Avoila à frente daquela federação, o líder da CGTP referiu que os trabalhadores da administração pública deviam ser mais valorizados pelo que a proposta de aumento de 0,3% para a função pública, feita pelo Governo, é "desrespeitadora e destruidora da dignidade" daqueles trabalhadores.

"A questão que hoje se coloca à sociedade portuguesa é que, ou se valoriza os trabalhadores dos serviços públicos e da administração pública, ou nós corremos o risco de qualquer dia termos um Governo a dizer que quer melhorar os serviços públicos e não tem trabalhadores disponíveis para continuarem a receber 600, 800 ou 900 euros", avisou.

"Para termos melhores serviços públicos temos que ter melhores profissionais. Para termos os melhores profissionais o Estado e o Governo têm que desenvolver as condições para que possam exercer a sua atividade", continuou.

Segundo Arménio Carlos, "não se pode esquecer" o papel dos trabalhadores da administração pública em Portugal no tempo da 'troika':" Não fosse a sua intervenção e provavelmente muitos dos serviços públicos colapsavam", disse.

Por isso, defendeu, "os trabalhadores da função pública deviam ser mais respeitados e valorizados e a proposta que este governo apresentou no âmbito salarial é não só desrespeitadora como é destruidora da dignidade dos trabalhadores da administração pública".

De saída da função de coordenadora FNSFP, Ana Avoila, igualmente à margem do início do congresso considerou que, "em termos dos direitos dos trabalhadores, houve uma regressão muito grande (nos últimos 13 anos)".

"Desde logo com o governo de José Sócrates, do PS, que retirou o estatuto socioprofissional aos trabalhadores da administração pública. Isto é o quê? Tirou-nos o vínculo de nomeação, tirou as carreiras gerais, todas as profissões que existiam deixaram de existir para se chamarem assistentes operacionais", descreveu.

Para Ana Avoila "estes 13 anos foram um processo de resistência" e que "agora se está em recuperação, mas não está fácil".

Ambos os sindicalistas deixaram ainda um "forte apelo" à mobilização para a "grande manifestação" marcada para 31 de janeiro, em Lisboa.

"O PS podia ter mudado toda esta realidade, não o fez, fez a opção clara de ir para o lado do patronato e do poder económico. Agora resta aos trabalhadores continuarem a luta porque é a luta de massas que vai mudar algo", defendeu a sindicalista.

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