"Uma taxa de empregabilidade plena desde há 50 anos. Essa foi uma realidade que vivemos quase desde o momento zero na escola. Mesmo em momentos de crise nunca houve desemprego. O desemprego sempre foi uma coisa muito residual", declarou à agência Lusa Paulo Vaz, diretor da Escola de Hotelaria e Turismo do Porto (EHTP).
Entrevistado pela Lusa no âmbito do 50.º aniversário EHTP, Paulo Vaz salientou que as principais razões que colocaram a empregabilidade dos alunos quase sempre a 100% explicam-se pela imagem e cultura de "rigor", "exigência" e "profissionalismo" ao longo do último meio século, mas também porque, numa primeira fase, foram a única escola no país a formar quadros médios e diretores para hotéis.
"Começámos a trabalhar numa primeira fase para empregados de mesa, mas, ao fim de pouco tempo, demos um salto e começámos a formar os quadros intermédios dos hotéis e os diretores. Durante muito tempo fomos a única escola nacional a trabalhar esse nível de hierarquia e esse nível de responsabilidade para o setor", explicou
Segundo Paulo Vaz, muitas vezes os alunos começavam a trabalhar ainda antes de terminar o curso e davam-se ao luxo de escolher para onde queriam ir trabalhar, porque tinham três ou quatro locais de oferta de emprego.
O rigor e exigência levaram também a que os formandos na EHTP fossem também os preferidos nos processos de seleção das empresas para contratualização.
"A escola sempre manteve uma imagem e uma cultura de rigor e exigência, de qualidade e, portanto, os nossos alunos sempre tiveram um papel e uma preferência natural, quando em processos de admissão e de contratação, e isso contribuiu muito para este indicadores tão positivos e tão interessantes".
A meta e o trabalho para o futuro da EHTP é a "afirmação", observou Paulo Vaz, referindo que se trata de uma fórmula que pretende "valorizar o passado, para que o futuro seja ainda melhor".
"Ao fim de 50 anos em que fomos - e continuaremos certamente a ser - uma escola de referência, naquilo que é o panorama da formação para a hotelaria e para o turismo no nosso país, e não só, acreditamos que podemos fazer ainda mais e melhor. Não é fazer necessariamente diferente, ou quebrar com o passado, mas é, acima de tudo, olhar para o passado, ver aquilo que nos distinguiu de todos os outros e nos valorizou face ao mercado, e ao setor da hotelaria, e tentar adaptar àquilo que são as condicionantes e a uma nova forma de estar e de pensar, que existe no mundo de hoje".
O diretor da EHTP destacou três eixos para o sucesso dos alunos daquela instituição no mercado de trabalho.
O "eixo dos comportamentos" é aquele em que a escola incentiva a "proatividade", "disponibilidade" e "frontalidade" dos alunos, para que se saibam integrar nas equipas que vão enquadrar.
Outro dos eixos é o das "competências interpessoais, técnicas, científicas e culturais", que permitem responder "rapidamente às exigências das empresas" e a "estarem preparados para trabalhar em ambientes diferentes", explicou Paulo Vaz.
Por fim, o eixo dos "valores", com destaque para o "rigor", "exigência", "profissionalismo", "humildade" e "honestidade", que "são valores que as empresas reconhecem como essenciais naquilo que é a imagem de um colaborar que rapidamente se enquadra numa equipa, que poupa tempo [à empresa] e que rapidamente começa a criar valor", acrescentou.
Ao longo de 50 anos, a EHTP recebeu "dezenas de milhares de alunos" para receber formação ou evoluir, melhorar e progredir na carreira.
"Se falarmos de profissionais no ativo que vieram fazer formações de valorização profissional, reforço e para efeitos de evolução de carreira, aí estamos certamente a falar de "uns milhares largos", porque a nossa média anda na ordem dos 1.500 a 1.800 alunos por ano. Facilmente podemos falar de umas dezenas de milhares de alunos que foram tocados por nós ao longo destes 50 anos", revelou.
Atualmente, a EHTP tem capacidade para 400 alunos na formação inicial e lança anualmente para o mercado entre 180 a 200 alunos formados, com uma taxa de empregabilidade na ordem dos 96% ao fim dos seis meses.
A EHTP tem 40 colaboradores a tempo permanente, 90 formadores externos, 390 alunos inscritos este ano e 19 turmas.A escola, que pertence a uma rede nacional de 12 escolas reguladas pelo Turismo de Portugal, oferece atualmente nove cursos.
Os cursos ali lecionados são Gestão Hoteleira Alojamento, Gestão de Restauração e Bebidas, Gestão e Produção de Cozinha, Gestão e Produção de Pastelaria, Gestão de Turismo, Turismo, Cultura e Património, Turismo de Natureza e Aventura, 'Culinary Arts', 'Food and Beverage Management' e o 'Hospitality Operations Management', os últimos três lecionado em inglês.