"Nas viagens, os danos ainda são pouco significativos porque, em primeiro lugar, o vírus está relativamente circunscrito, pelo menos por enquanto, e por outro lado a China não é ainda um destino turístico de primeira importância para o mercado emissor português, nem a época é uma em que os portugueses viajem de forma mais significativa", indicou Pedro Costa Ferreira, que lidera a Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), à Lusa.
O presidente do organismo reconheceu, no entanto, que há cancelamento de viagens para a China, "quer empresariais, quer de feiras profissionais ou grupos organizados de lazer".
Estes cancelamentos, que seguem os padrões anunciados pelas companhias aéreas, "estão maioritariamente anunciados para fevereiro, o que indicia que o mercado ainda tem esperança de que ao longo desse mês o problema ainda possa vir a ser resolvido", destacou, sublinhando que a questão "está circunscrita e ainda dá ideia que pode ser debelada" em breve.
Quanto à deslocação de turistas chineses para Portugal, Pedro Costa Ferreira lembrou que "a China está a cancelar e a impedir mesmo que haja viagens organizadas para o resto do mundo", mas que este mercado não tem grande significado em Portugal.
O presidente da APAVT alertou, no entanto, para a situação em que podem ficar algumas agências nacionais especializadas no mercado chinês. "Há empresas a passar por um momento menos bom, em que o seu mercado está a ser afetado, mas com esperança de que a questão se resolva rapidamente", destacou.
O presidente da APAVT lembrou ainda que em casos anteriores foi possível, com uma resposta rápida, evitar grandes danos a nível mundial.
Questionado sobre o impacto da propagação do vírus a zonas mais frequentadas pelos portugueses, como o sudeste asiático, Pedro Costa Ferreira diz que falará sobre o assunto apenas se tal acontecer.
"As agências dão e são obrigadas a dar informação aos clientes no seguimento do desaconselhamento que é feito pela própria secretaria de Estado das Comunidades", garantiu, elogiando o trabalho que tem sido feito pela China para conter o vírus.
A China elevou para 132 mortos e mais de 5.900 infetados o balanço de vítimas do novo coronavírus detetado no final do ano em Wuhan, capital da província de Hubei (centro).
As quase 6.000 infeções confirmadas mostram que já foi ultrapassado na China o número de pessoas afetadas durante a epidemia da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, na sigla em inglês), que atingiu 5.327 pessoas entre novembro de 2002 e agosto de 2003, segundo dados oficiais.
Hoje, foi identificado um caso de contágio pelo novo coronavírus (2019-nCoV) nos Emirados Árabes Unidos, o primeiro detetado em países do Médio Oriente.
Além do território continental da China, foram reportados casos de infeção em Macau, Hong Kong, Taiwan, Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, Austrália, Canadá, Alemanha, França e Emirados Árabes Unidos.