Covid-19: Bruxelas mantém que 'coronabonds' também estão sobre a mesa
A Comissão Europeia reiterou hoje que "todas as opções estão sobre a mesa" no quadro da resposta europeia aos choques provocados na economia pela pandemia de covid-19, incluindo os 'coronabonds', negando que a sua presidente tenha depreciado esta possibilidade.
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Economia Covid-19
Na conferência de imprensa diária da Comissão Europeia, por videoconferência, o porta-voz do executivo comunitário, Eric Mamer, começou por rejeitar que a presidente Ursula von der Leyen tenha desvalorizado a possibilidade de emissão de títulos de dívida europeus ('coronabonds' ou 'eurobonds'), defendida por países como Itália, Portugal e Espanha, ao classificá-los numa entrevista à agência noticiosa alemã DPA como meros 'slogans'.
"Ela utilizou a palavra alemã «schlagwort», que foi interpretada por alguns como «slogan», mas o que realmente significa é um conceito, uma palavra-chave, e não tem de forma alguma uma conotação negativa, é uma descrição factual, um nome, é isso que queria dizer", apontou o porta-voz, em resposta a várias questões sobre o assunto enviadas por correio eletrónico pelos correspondentes em Bruxelas.
Eric Mamer acrescentouo que no sábado foi divulgada uma declaração de Von der Leyen "que coloca tudo em contexto".
Segundo o porta-voz, "o que a presidente disse muito claramente" é que, por um lado, a Comissão tem noção de que "há um debate entre os Estados-membros, e que alguns apontaram que enfrentam constrangimentos específicos ao discutir a questão dos 'eurobonds' ou 'coronabonds'".
"Estes constrangimentos estão lá e não podemos simplesmente fazê-los desaparecer, fazem parte do debate", sublinhou.
Um conjunto alargado de Estados-membros, entre os quais se incluem os dois países europeus mais afetados pelo novo coronavírus, Itália e Espanha, mas também França e Portugal, entre outros, defendeu a mutualização da dívida, mas um grupo de quatro países mantém a sua firme oposição a esta ideia, tal como já ocorreu na crise da dívida soberana, designadamente Holanda, Alemanha, Áustria e Finlândia.
Reportando-se à posição defendida por Von der Leyen, o porta-voz afirmou que "o elemento central mais importante de todo este debate é assegurar que há uma resposta harmoniosa para a crise, e não uma resposta que de alguma forma crie uma divisão entre os Estados-membros consoante a sua capacidade para lidar com os efeitos da crise, e é por isso que o Quadro Financeiro Plurianual -- o orçamento de longo prazo da UE - é um elemento tão central do plano de recuperação" no qual o executivo comunitário está a trabalhar.
"Todas as opções estão sobre a mesa", reiterou o porta-voz, salientando todavia que aquilo de que a UE necessita "para ter uma resposta que esteja à altura dos desafios" colocados pela pandemia é de "opções que sejam rápidas, eficazes e baseadas num consenso entre todos os atores, em particular os Estados-membros".
No sábado à noite, já depois da polémica provocada pela sua entrevista à DPA -- que suscitou designadamente indignação em Itália -, a presidente da Comissão divulgou uma declaração a afirmar que "não exclui nenhuma opção dentro dos limites do Tratado" para responder ao impacto económico provocado pelo novo coronavírus.
Von der Leyen apontou na ocasião que, para "garantir a recuperação", Bruxelas proporá alterações à proposta para o próximo orçamental da UE 2021-2027, para que passe a incluir "um pacote de estímulos que garantirá a manutenção da coesão na União Europeia por meio de solidariedade e responsabilidade".
No último Conselho Europeu, realizado por videoconferência na passada quinta-feira, em busca de soluções comuns para responder à crise económica provocada pela pandemia, os chefes de Estado e de Governo dos 27 foram incapazes de chegar a um compromisso ao cabo de várias horas de reunião, acabando apenas por mandatar o fórum de ministros das Finanças da zona euro, o Eurogrupo, de apresentar propostas concretas no espaço de duas semanas.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 727 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 35 mil.
Dos casos de infeção, pelo menos 142.300 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu, com mais de 396 mil infetados e perto de 25 mil mortos, é aquele onde se regista atualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 10.779 mortos em 97.689 casos confirmados até domingo.
A Espanha é o segundo país com maior número de mortes, registando 7.340, entre 85.195 casos de infeção confirmados até hoje, enquanto os Estados Unidos são o que tem maior número de infetados (143.055).
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