"Estamos a assumir um crescimento de 2% para este ano, um pouco abaixo da previsão mais pessimista do governo anunciada recentemente que aponta para 2,2%", enquanto a estimativa mais otimista aponta para uma subida de 3,8% do PIB, ambos mostrando uma redução significativa face aos 4,8% previstos inicialmente pelo Governo, disse Tiago Dionísio.
Em declarações à Lusa a propósito do agravamento da situação económica em África, no seguimento do desequilíbrio causado pela descida dos preços das matérias-primas e pela propagação da pandemia da covid-19, o analista vincou a importância de um acordo de médio prazo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) depois da pandemia estar controlada.
"Depois da questão desta pandemia ser ultrapassada, o tema mais premente para o país é voltar a ter um acordo de médio prazo com o FMI, que permitiria ao país melhorar a sua credibilidade, nomeadamente junto de investidores internacionais, e ajudaria a retomar a ajuda financeira externa que o país precisa para o seu desenvolvimento", considerou o analista.
Na semana passada, a Eaglestone enviou aos clientes um relatório sobre a economia de Moçambique, no qual analisou os ricos para a economia do país: "Os últimos acontecimentos relacionados com a covid-19 trouxeram riscos e incertezas sobre as perspetivas económicas do país, que deverá trazer pressão adicional na balança de pagamentos devido à recente queda abrupta no preço das matérias primas e até atrasar a implementação dos projetos de gás, penalizando assim a trajetória de recuperação" do país.
A atividade económica, conclui Tiago Dionísio, estava a recuperar do impacto dos ciclones Idai e Kenneth, que devastaram certas zonas do país no ano passado, estimando-se um crescimento perto de 5% este ano "graças aos esforços de reconstrução do país e aos avanços nos projetos de gás natural".
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou cerca de 1,2 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 63 mil.
Dos casos de infeção, cerca de 220 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu, com cerca de mais de 627 mil infetados e mais de 46 mil mortos, é aquele onde se regista o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, 15.362 óbitos em 124.632 casos confirmados até hoje.
A Espanha é o segundo país com maior número de mortes, registando 11.744, entre 124.736 casos de infeção confirmados até hoje, enquanto os Estados Unidos, com 8.162 mortos, são o que contabiliza mais infetados (300.915).
A China, sem contar com os territórios de Hong Kong e Macau, conta com 81.638 casos e regista 3.326 mortes. As autoridades chinesas anunciaram hoje 19 novos casos e mais quatro mortes.
Além de Itália, Espanha, Estados Unidos e China, os países mais afetados são França, com 7.560 mortos (89.953 casos), Reino Unido, com 4.313 mortos (41.903 casos), Irão, com 3.452 mortos (55.743 casos), e Alemanha, com 1.330 mortes (92.150 casos).
A pandemia afeta já 50 dos 55 países e territórios africanos, com mais de 7.700 infeções e mais de 300 mortes, segundo o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC). São Tomé e Príncipe permanece como o único país lusófono sem registo de infeção.