"Crise de 2008? Este é um desafio muito maior para a humanidade"

Antigo ministro das finanças alemão, um dos rostos mais conhecidos da austeridade imposta aos países europeus durante a crise de 2008, Wolfang Schäuble, hoje presidente do Parlamento germânico, prevê que a recuperação económica após a crise pandémica seja o maior desafio imposto à Alemanha, à Europa e ao Mundo nas últimas décadas.

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Notícias Ao Minuto
07/04/2020 13:20 ‧ 07/04/2020 por Notícias Ao Minuto

Economia

Wolfang Schauble

Wolfang Schäuble, antigo ministro das finanças alemão, hoje a dirigir o parlamento do país, concede esta terça-feira uma entrevista ao jornal El País onde aborda os desafios que teremos de enfrentar depois do fim da pandemia de Covid-19.

Com a maior parte das economias 'trancadas em casa', com dificuldades para se ver luz ao fundo do labirinto financeiro criado por uma crise económica impossível de prever, Schäuble defende que os desafios que enfrentaremos nos próximos anos serão de mais complexa resolução do que os enfrentados na crise de 2008.

Perspetivando que mecanismos podem ser utilizados para fazer as economias do Velho Continente voltarem a arrancar, o antigo ministro das Finanças alemão defende que não devem ser criados novos mecanismos de financiamento às economias, mas antes utilizados os que já existem.

"O que estamos a experimentar agora com a pandemia é algo que nunca experimentámos e que não conseguimos antecipar. Portanto, qualquer comparação com situações anteriores, incluindo a crise financeira e a crise do euro, não é adequada. Este é um desafio diferente e muito, muito maior para a Alemanha, Europa e toda a humanidade", começa por responder Schäuble, antecipando o que, no seu entender, poderá ser um crescimento da solidariedade entre Estados.

"(...) Cresce a perceção de que não podemos superar esse desafio global com menos união, mas trabalhando mais juntos. Pesquisas internacionais estão a ser realizadas com intensidade incomum. Eu não diria que a influência do estado-nação aumentou porque nunca morreu. A UE não significa o fim do estado-nação. Precisamos de ambos, precisamos de cooperação na Europa", defendeu o presidente do parlamento alemão.

Abordando depois as dificuldades sentidas pelos diversos países, mas questionado diretamente, por exemplo, sobre a questão italiana, com o primeiro-ministro do país a 'exigir' a criação de títulos do tesouro com taxas comuns para todos os países europeus - eurobons - Schäuble insiste que há necessidade de respostas conjuntas... com os mecanismos existentes.

"Existem diferentes nuances sobre qual é o caminho certo. Não há dúvida de que, na atual situação, devemos fazer tudo o que pudermos para ajudar os [países] necessitados. A Alemanha também ajudou: acolhemos pacientes graves de Itália, mesmo que alguns se perguntassem se não precisaríamos das camas para nós. Proibimos a exportação de máscaras por alguns dias e isso foi um erro. É por isso que as restrições à exportação na Europa foram levantadas. A proposta da Comissão Europeia de apoiar a redução do horário de trabalho com 100.000 milhões de euros foi aprovada com velocidade gratificante. Existem muitas razões para acreditarmos que a Europa será solidária. Mas cada um deve fazer sua parte, a solidariedade nunca vai apenas numa direção", defende. 

"Temos de trabalhar com os instrumentos que temos, que entrarão em vigor muito mais rapidamente, do que se formos discutir novos argumentos e instrumentos para os quais teremos de adaptar os Tratados Europeus, algo que não pode ser feito rapidamente. Portanto, é melhor usarmos o Mecanismo Europeu de Estabilidade (Mede), onde temos cerca de 500.000 milhões. Juntamente com os recursos do Banco Central Europeu, podemos garantir que todos os países possam superar os seus problemas financeiros com baixas taxas de juros. Além disso, existe o Banco Europeu de Investimento (BEI), cujo programa de garantia pode ser estendido, se necessário, e aumentar o capital dos Estados-Membros", termina sobre este tema.

 

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