Adiamento de projeto de gás em Moçambique preocupa patronato

A Confederação das Associações Económicas (CTA), maior entidade patronal de Moçambique, diz que o adiamento da decisão final de investimento para Moçambique por parte da ExxonMobil, devido à pandemia de covid-19, "não surpreende", mas preocupa.

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Lusa
12/04/2020 09:58 ‧ 12/04/2020 por Lusa

Economia

Covid-19

A petrolífera lidera com a Eni o consórcio de exploração e gás natural da Área 4 da bacia do Rovuma, ao largo da costa de Cabo Delgado, Norte de Moçambique.

"A decisão da ExxonMobil não surpreende o sector privado moçambicano", disse Simone Santi, presidente do pelouro dos Recursos Minerais, Hidrocarbonetos e Energia da CTA, à Lusa.

O dirigente acrescenta que há preocupação com o facto de "muitas empresas moçambicanas e estrangeiras em Moçambique, terem investido para serem fornecedores de bens e serviços do projeto para desenvolver o sector criando valor".

Agora, a CTA prevê atraso na receita das empresas que prestam serviços aos megaprojetos.

Como medidas, a CTA propõe a criação de uma unidade de diálogo com o Governo para verificar as "condições particulares de Moçambique" para enfrentar dificuldades que o novo contexto venha a colocar aos megaprojetos.

No mesmo sentido, a CTA "aconselha flexibilidade da parte do Governo em relação aos vistos [de trabalhadores] considerando a natureza da rotatividade" de recursos humanos, responsabilizando "as empresas no controlo rigoroso", da doença.

A confederação prevê ainda o adiamento ou cancelamentos de eventos previstos relacionados com o setor dos hidrocarbonetos devido a impossibilidade dos especialistas se fazerem presentes no país.

A ExxonMobil anunciou o adiamento no âmbito de um corte em 2020 nas despesas de capital em 30% e nas despesas operacionais em 15%.

Tudo devido à queda dos preços do petróleo e derivados, provocada pelo excesso de oferta e baixa procura com a pandemia de covid-19.

"Uma decisão final de investimento para o projeto de gás natural liquefeito (GNL) da bacia do Rovuma em Moçambique, prevista para o final deste ano, foi adiada", lê-se em comunicado acerca do empreendimento avaliado entre 20 a 25 mil milhões de dólares (18,3 a 23 mil milhões de euros), um dos maiores previstos para África.

A Área 4 é operada pela Mozambique Rovuma Venture (MRV), uma 'joint venture' em co-propriedade da ExxonMobil, Eni e CNPC (China), que detém 70 por cento de interesse participativo no contrato de concessão.

A Galp, KOGAS (Coreia do Sul) e a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (Moçambique) detém cada uma participações de 10%.

A ExxonMobil vai liderar a construção e operação das unidades de produção de gás natural liquefeito e infraestruturas relacionadas em nome da MRV, e a Eni vai liderar a construção e operação das infraestruturas upstream (a montante).

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