Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou, este domingo, que escolha do próximo Governador do Banco de Portugal é "uma questão da competência do Governo" após Carlos Costa, atual Governador do Banco de Portugal, ter afirmado, ontem, que Mário Centeno "tem todas as condições" para ocupar a sua posição.
"O Governo é que nomeia o Governador do Banco de Portugal e, portanto, quando o problema se colocar daqui a mais umas semanas ou um mês o Governo decidirá a escolha do governador do Banco de Portugal", apontou o Presidente da República quando questionado sobre o assunto pelos jornalistas durante uma visita, hoje, ao mercado da Ericeira.
Recordando que o Chefe de Estado não deve interferir nesta matéria, Marcelo vincou: "É de bom tom o Presidente não estar a pisar a competência de outros órgãos de Estado".
Confrontado com se preferia ter Mário Centeno como ministro das Finanças ou como Governador do Banco de Portugal, o Presidente voltou a insistir que é o primeiro-ministro quem "tem de organizar o seu Governo e saber quais são as peças fundamentais" no seu Executivo. Ainda assim, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que "é evidente" que "os portugueses devem estar gratos ao ministro das Finanças por aquilo que tem vindo a fazer ao logo dos anos".
O Presidente da República ainda considerou não haver qualquer incompatibilidade numa transição de Mário Centeno de uma função no Executivo de António Costa para um cargo no Banco de Portugal.
"Lembro-me de pelo menos dois exemplos de ministros das Finanças que saíram do Governo e que logo a seguir foram nomeados governadores do Banco de Portugal. Um, no tempo da ditadura, o Prof. Pinto Barbosa que foi muito bom ministro das Finanças e que depois foi muito bom governador do banco de Portugal. Outro, no tempo do Prof. Cavaco Silva, o Prof. Miguel Beleza que foi um dedicado ministro das Finanças e que depois também foi um dedicado Governador do Banco de Portugal", argumentou.
Sobre a polémica do caso do Novo Banco, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que "ainda ontem [sábado] o primeiro-ministro disse - e disse bem - que não houve crise política ou do Governo".
Recorde-se que Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, considerou que o atual ministro das Finanças encaixaria bem no seu cargo, numa entrevista entrevista ao semanário Expresso, divulgada este sábado.