Dos 1.200 associados da AGAP, 440 responderam ao inquérito e os resultados mostram que 62% dos espaços sofreram uma forte quebra na faturação e que 85% optaram por recorrer ao 'lay-off' para diminuir os encargos mensais.
"A maior parte dos clubes não estão a cobrar a mensalidade na totalidade e, hoje em dia, a faturação vem também de serviços como PT (Personal Trainers) ou nutrição, que também não estão a acontecer. Não vendermos esses serviços explica a redução significativa que este estudo mostra", disse à Lusa José Carlos Reis, presidente da AGAP.
Face a 2019, quase todos os clubes que responderam ao inquérito confirmam que a faturação é menor do que em abril de 2019, mas os números também mostram que nem por isso recorreram ao financiamento disponibilizado pelas linhas da pandemia covid-19.
O presidente da AGAP explica que o setor é predominantemente composto por micro e pequenas empresas e que muitas não conseguiram sequer aceder a estes apoios.
"A maior parte dos clubes são pequenos e o acesso ao financiamento é muito difícil. Bastava uma pequena divida à Segurança Social para não se poder concorrer e a banca não empresta a todas as entidades, além de que muitas empresas concorreram e não lhes foi atribuído financiamento", revela o presidente da AGAP.
Apesar das dificuldades, os números da AGAP relatam que apenas uma minoria dos ginásios que respondeu ao inquérito dispensou os seus colaboradores e quase todos os 440 que responderam (84%) estão prontos para abrir portas em 1 de junho, algo que José Carlos Reis considera "essencial".
"Temos salientado nas conversas com o Governo que todos os dias estamos a perder clientes. Quanto mais tempo passar mais difícil vai ser os clubes reerguerem-se. Estamos há mais de dois meses encerrados e a situação é dramática: Há muitos cancelamentos e há ginásios à venda em todo o país. Se este encerramento perdurar no tempo, vai haver mais fecho de estabelecimentos no nosso setor", assegura.
Quanto às novas soluções que a situação de pandemia fez emergir no setor, o presidente da AGAP elogia a capacidade de adaptação dos seus profissionais e diz que o modelo de negócio online veio para ficar, mas "nunca substituirá" o treino presencial.
"Vai ser mais um serviço dentro da mensalidade normal, mais um serviço que os clubes vão ter de oferecer e que agora foi uma forma de manter a ligação com os clientes. Acredito que no futuro vamos ter este serviço apenas para quando o cliente não pode vir ao clube", avalia.
Ainda na expectativa do que o governo decidirá na reunião do Conselho de Ministros de hoje, o presidente da AGAP salienta que os empresários do setor que responderam às questões apresentadas pela AGAP continuam motivados e que 81 por cento pensa em recuperar os níveis de faturação no primeiro trimestre de 2021, havendo mesmo 15 por cento que afirmam que poderão fazê-lo ainda em 2020.
Portugal regista hoje 1.383 mortes relacionadas com a covid-19, mais 14 do que na quinta-feira e 31.946 infetados, mais 350, segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde.