A 24 horas do vencimento das negociações, o Ministério da Economia emitiu uma nota que estende o prazo, pela terceira vez, por mais dez dias.
O ministro da Economia confirmou que o Governo vai definir os últimos detalhes de uma nova oferta aos credores para reestruturar os tais 66.238 milhões de dólares (59,5 mil milhões de euros).
"O Governo trabalha nas emendas finais da oferta que a Argentina apresentará aos credores. Concluímos uma nova ronda de negociações. As partes continuam a aproximar-se, mas ainda falta uma distância considerável a percorrer", afirmou Martín Guzmán, advertindo os credores: "resta uma escassa margem" para melhorias.
Nesta terça-feira, vencia a segunda extensão estabelecida para um acordo, depois do incumprimento de 22 de abril, quando o país falhou o pagamento de 503 milhões de dólares (452 milhões de euros), relativos aos juros de três títulos públicos.
Naquele mesmo dia, o governo anunciou a extensão das negociações até 02 de junho.
"A extensão de hoje é simplesmente por uma razão técnica. Será por mais alguns dias para emendar a oferta. Uma vez emendada, voltaremos a estender a data de vencimento da oferta", apontou o ministro, procurando afastar a pressão por um acordo sem o qual a Argentina aprofunda o seu incumprimento.
"Depois de preparadas as emendas finais, é provável que voltemos às negociações para limar detalhes. Não seria bom apressar-se para fechar um acordo que não sirva para a Argentina", avisou.
Da oferta inicial de 21 de abril na qual a Argentina reconhecia cerca de 40 cêntimos de cada dólar devido, o país melhorou a oferta até reconhecer, na semana passada, entre 45 e 47 cêntimos de cada dólar. A melhoria veio depois de a sua posição inicial ser rejeitada por mais de 80% dos credores.
Por sua parte, os credores, divididos em três grande grupos, também cederam nas suas exigências que variavam entre 55 e 60 cêntimos por dólar. Chegaram a um número entre 53 e 57 cêntimos, dependendo de cada título.
O mercado acredita que a Argentina poderia chegar a um máximo de 50 cêntimos. Ou seja: reduzir a dívida pela metade.
As cifras reveladas pelos credores nos últimos dias indicam que a média de juros de 2,33% que a Argentina queria passou a 4,25%. A redução de capital prevista inicialmente em 5,4% caiu para 1%.
O período de carência de três anos passaria a dois anos. E, se antes esse período a Argentina não pagaria nem juros nem capital, agora aceitaria emitir um novo título para compensar os juros desse período.
O que separaria a posição da Argentina da dos credores seria uma diferença nominal de seis mil milhões de dólares.
Os credores sabem que a Argentina não quer continuar em incumprimento, mas sabem também que a premissa argentina de chegar a um acordo sustentável, isto é, que o país possa honrar sem comprometer o seu crescimento, será o limite.
Por isso, nesta segunda-feira, o Fundo Monetário Internacional emitiu uma análise técnica da proposta argentina, a pedido de Buenos Aires com a sua premissa de sustentabilidade da dívida.
"Existe apenas uma margem limitada para melhorar o pagamento aos credores privados e, ao mesmo tempo, cumprir com os parâmetros de sustentabilidade", coincidiu o FMI.
Nas ultimas horas, os credores dispararam os denominados seguros contra incumprimento por 1.500 milhões de dólares (1.348 milhões de euros).
São contratos entre privados que não implicam custo direto para a Argentina, mas que pode atrasar as negociações até serem cobrados, num processo que pode levar até um mês.
"Esse processo afeta as negociações de forma indireta porque os credores poderiam esticar os tempos de negociação até cobrarem o seguro. Paradoxalmente, o facto de cobrarem esse seguro pode ajudar também a um acordo porque os credores teriam, por essa via, uma compensação pelas perdas com a Argentina", analisou o diretor da consultora argentina EcoGo, Federico Furiase.