"Não é pela falta de diálogo diplomático que não se podem fazer coisas", argumentou à Lusa Den Chuang, presidente honorário da Câmara de Comercio Portugal-Taiwan, no âmbito da iniciativa, que decorrerá num hotel de Lisboa.
Para o também presidente honorário da Câmara de Comércio Portugal-Taiwan "no final do dia, os empresários têm um espírito de negócio" e ultrapassam barreiras.
"Como se vê em Taiwan, os portugueses que não têm serviços consulares continuam lá com espírito de negócio, de família, de trabalho e há sempre maneira de continuar", sublinhou.
O programa para sábado prevê a presença de um elemento do Ministério da Economia de Taiwan, um representante de Taiwan em Portugal, representação empresarial portuguesa e um total estimado de cinco dezenas de participantes.
Segundo Chuang, "Taiwan tem interesse em desenvolver não só parcerias, mas também uma relação que é de investimento e ou de 'trade' (comércio)" em setores como a energia verde, biomedicina ou agricultura.
Da parte portuguesa, o interesse deve focar-se na "tecnologia" e componentes, com o responsável a defender à Lusa que um "fornecimento direto fazia muito sentido para a indústria portuguesa".
Chuang acrescentou que Taiwan ainda é um território desconhecido para os portugueses, notando como as questões sobre o "potencial de guerra" dominam a imprensa.
"Não há um conhecimento empresarial", resumiu o responsável, que defendeu como resposta a esta "barreira" a organização de mais eventos como o fórum de sábado, missões empresariais e a ida a eventos empresariais como à "segunda maior feira de tecnologia do mundo", que decorre na ilha.
O 'corte' entre Pequim e Taipé remontam à longa guerra civil entre os combatentes comunistas liderados por Mao Zedong e as forças nacionalistas de Chiang Kai-shek.
Derrotados pelos comunistas, que fundaram a República Popular da China, os nacionalistas fugiram para Taiwan, dando início a um governo autónomo na ilha em 1949.
A China considera Taiwan como uma das suas províncias, que ainda não conseguiu reunificar com o resto do seu território.
A China afirma-se favorável a uma reunificação pacífica, mas reitera que não exclui a possibilidade de "recorrer à força", se necessário.
As relações entre Pequim e Taipé têm-se deteriorado desde 2016, altura em que Tsai Ing-wen se tornou líder de Taiwan. William Lai, que era vice-presidente na administração de Tsai, manteve a posição de defesa do 'status quo'.
A China acusou ambos de procurarem aprofundar o fosso entre a ilha e o continente. Em resposta, Pequim intensificou a pressão diplomática e a atividade militar em torno do território.
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