"Quando os decisores políticos optarem por abrir as fronteiras, isto vai significar um nível de confiança dos governos e das autoridades sanitárias [...] e vai ser uma enorme ajuda para recuperar a confiança das pessoas para viajar", declarou o diretor executivo da Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA, na sigla inglesa), Patrick Ky, em entrevista à agência Lusa.
Numa altura em que o setor da aviação tenta retomar a sua atividade após uma suspensão de quase três meses devido às restrições às viagens para conter o surto de covid-19 na UE, o responsável notou que "o primeiro passo é sempre a decisão política de abrir as fronteiras" do espaço comunitário.
Isto porque, nessa altura, os cidadãos poderão começar a confiar "que quando uma pessoa viaja de um local para outro não corre o risco de ser infetada pelo vírus ou de infetar outros", desde que sejam adotadas as devidas medidas sanitárias, justificou Patrick Ky.
"Pensamos que a confiança [dos cidadãos] é mais uma questão psicológica e o primeiro passo será sempre a confiança por parte das autoridades sanitárias para reabrir as fronteiras", reforçou o diretor executivo da EASA.
O que se prevê é que as fronteiras externas da UE reabram em 01 de julho, sendo que o espaço de livre circulação dentro da UE deverá voltar a ser uma realidade até ao final do corrente mês de junho, como recomendado pela Comissão Europeia.
A UE encerrou as suas fronteiras externas a todas as viagens "não indispensáveis" em 17 de março passado, no quadro dos esforços para conter a propagação da covid-19.
De momento, "estão a ser realizados alguns voos internacionais, mas apenas de forma residual, e mais utilizados para o repatriamento de pessoas que vivem no estrangeiro", observou Patrick Ky na entrevista à Lusa.
Frisando que está "fora do âmbito das competências" da EASA fazer recomendações sobre deslocações de cidadãos europeus para fora do espaço comunitário, o responsável relembrou apenas que a Comissão Europeia já veio dizer que "não recomenda viagens ao estrangeiro" até final do ano ou enquanto a covid-19 não estiver sob controlo.
"Isto é algo que pode mudar entretanto, em particular relativamente a países que as autoridades europeias entendam ter uma situação muito parecida com a comunitária, o que significaria que o risco de ter passageiros vindos desses países não aumentaria o risco de reimportação o vírus", acrescentou Patrick Ky.
Ainda assim, o responsável pediu uma "abordagem consistente" a nível europeu.
Isto também se aplica às diferentes datas ou medidas adotadas pelos Estados-membros, de acordo com Patrick Ky, que alertou para que uma "reabertura disforme das fronteiras da UE terá impacto na procura" por parte dos passageiros.
Criada em 2002, a EASA garante a segurança no setor da aviação civil na Europa, monitorizando e promovendo normas harmonizadas para os 27 Estados-membros e outros parceiros económicos da região.
Sediada em Colónia, na Alemanha, e com escritório na capital belga, em Bruxelas, a agência junta autoridades do setor aeronáutico a nível europeu, incluindo a portuguesa Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC).