"A covid-19 teve impactos muito trágicos na nossa atividade económica, mas nesta área trouxe duas coisas muito importantes: em todo o mundo as pessoas aperceberam-se da importância crucial que a atividade comercial tem para o nosso bem-estar e modo de vida e tornou-se óbvio, que se não fosse o contacto digital, teria sido muito mais difícil assegurar o acesso a bens e serviços fundamentais e manter a atividade de muitas empresas do setor", afirmou Pedro Siza Vieira durante a apresentação das novas iniciativas do programa ComercioDigital.pt.
Dinamizado pela ACEPI - Associação da Economia Digital, com o apoio da CCP - Confederação do Comércio e dos Serviços de Portugal e de outros parceiros, esta nova fase do programa de apoio ao comércio, originalmente lançado no início de 2019, visa apoiar as empresas do setor na transição digital na fase pós-covid-19.
Na sua intervenção, o ministro da Economia recordou que no lançamento do programa, no ano passado, se constatou a "muito baixa penetração do comércio digital em Portugal", tendo sido feito uma "apelo para a necessidade de trazer as empresas do comércio para uma presença digital, de forma a chegarem a um universo mais alargado de consumidores".
Segundo Siza Vieira, desde o seu lançamento o ComercioDigital.pt. é, "ao mesmo tempo, ambicioso na escala" [propõe-se chegar a 50 mil empresas], mas também relativamente realista nos objetivos [assegurar uma presença digital básica, como um endereço eletrónico e ferramentas para montarem um 'site' e a presença numa rede social]".
Impulsionada pelos constrangimentos causados pelo confinamento imposto pela pandemia, a transição digital do setor do comércio e serviços em Portugal tem, segundo salientou o ministro, de "continuar a ser acompanhada", surgindo aqui "o apoio e, mesmo, a liderança de um ministério que é simultaneamente da Economia e da Transição Digital como absolutamente essencial".
"Temos bem noção que esta segunda fase do programa é muito importante. O comércio e serviços são indispensáveis à vida moderna e à capacitação das empresas e dos consumidores para a modernização e prosperidade da nossa sociedade", sustentou Pedro Siza Vieira.
O presidente da ACEPI, Alexandre Nilo Fonseca, mostrou-se por sua vez convicto de que as mudanças impostas pela covid-19 serão "para sempre" e que a pandemia terá "consequências profundas na forma de o consumidor se relacionar com as empresas".
O dirigente associativo reconheceu que "muitos comerciantes não estavam preparados para este desafio", até porque "encerrar a atividade física e fazer, ao mesmo tempo, a transição para o digital não é fácil", e frisou que, nesta nova fase, o projeto surge com uma ambição acrescida, não se propondo apenas fomentar a presença 'online' das empresas do setor, mas dando "passos mais à frente" como o impulso, por exemplo, das vendas eletrónicas e das transações digitais.
Já o presidente da CCP destacou a "importância estratégica" do programa, assumindo como "um desafio ao comércio e serviços de proximidade adaptar-se aos novos paradigmas quer em termos de modelo de negócio, quer em termos das aspirações do consumidor".
Para João Vieira Lopes, para que o projeto se desenvolva é "essencial que as diversas associações comerciais e empresariais do país sejam polos dinamizadores", sendo o seu sucesso importante para impulsionar um conjunto de setores que prestam um "importante serviço ao consumidor e na manutenção do emprego e da empregabilidade", envolvendo atualmente em Portugal "mais de um milhão de pessoas".
"Todos os formatos de comércio são importantes no país, mas os de proximidade têm um papel cada vez mais importante na satisfação dos interesses dos consumidores e na criação de emprego", sustentou, desafiando a tutela para que o processo de transição digital "não se encerre" com este projeto, que deve ser "uma alavanca para avançar nesta área de uma forma continuada, contribuindo para a modernização e para o rejuvenescimento deste tecido empresarial".