"Eu penso que vai ser. Acredito que o Governo [britânico] vai anunciar na segunda-feira um corredor pan-europeu em vez de países individualmente", disse hoje à agência Lusa Paul Charles, porta-voz de um grupo de mais de 500 empresas intitulado 'Quash Quarantine'.
A lógica para optar por esta solução, em vez de fazer acordos com países individualmente, é que é fácil circular no espaço europeu, tornando difícil controlar quais os locais que foram visitados, explicou.
"Eu posso voar até Madrid e ir de carro até Portugal, passar férias em Portugal e regressar por Madrid. Porque é que excluiria Portugal se é tão fácil voar para um país e ir de carro para outro na Europa?", questiona.
Consultor de viagens, Paul Charles acredita que "desde que Portugal tenha um bom sistema de saúde e um sistema de testagem e rastreamento eficaz, será incluído como um dos corredores de viagens".
O Governo britânico está a avaliar a criação de "corredores de viagem" com uma série de destinos para que os britânicos possam ir de férias sem precisar de cumprir a quarentena de 14 dias no seu regresso ao Reino Unido atualmente em vigor.
De acordo com a edição de hoje do Daily Telegraph, o Governo britânico está a delinear um plano com três etapas, a primeira das quais prevê acordos com destinos de férias populares na Europa, incluindo França, Itália, Espanha, Grécia e Alemanha.
Porém, adianta o jornal, estes países de "baixo risco" não deverão incluir Portugal devido ao aumento de casos de coronavírus nos últimos dias na região de Lisboa e sul do país.
O jornal The Sun coloca Portugal em dúvida, mas o Daily Mail refere que "é provável que seja incluído na lista de destinos, apesar de preocupações com surtos" no país.
Segundo a imprensa britânica, numa segunda fase, a partir de agosto, seriam adicionados destinos de médio-curso, como Turquia, Marrocos, além de ilhas francesas da Reunião no Oceano Índico, algumas ilhas das Caraíbas e Dubai.
No final do verão serão incluídos países que implicam voos de longo curso, como Vietname, Singapura, Hong Kong ou Canadá, embora as listas de nomes variem.
O ministro dos Transportes britânico, Grant Shapps, afirmou na quarta-feira que a lista de países com os primeiros 'corredores' será revelada na segunda-feira, dia 29 de junho, quando está prevista a primeira revisão desde que entrou em prática a quarentena, introduzida há três semanas para tentar travar a pandemia covid-19.
Desde 08 de junho que todas as pessoas que chegam do estrangeiro ao Reino Unido, incluindo britânicos, são obrigadas a permanecer em isolamento durante 14 dias para reduzir a probabilidade de contágio.
Grant Shapps disse que a escolha vai depender da evolução do número de casos nos respetivos países.
"Queremos garantir que não somos infetados de novo, seja por britânicos que vão para o estrangeiro e regressam, ou por pessoas que vêm para cá desses sítios", justificou.
O ministro disse que os critérios vão ser "não só o nível da doença, mas também a trajetória. Alguns países que têm um nível aparentemente mais baixo podem estar a evoluir no sentido contrário".
Outras condições são a existência de um sistema de rastreamento equivalente ao britânico, a capacidade de testagem e as regras de medidas de distanciamento social em vigor.
Um porta-voz do ministério dos Transportes recusou comentar a inclusão ou não de Portugal de acordo com as notícias na imprensa, atribuídas a fontes não identificadas do Governo.
"Os corredores de viagens internacionais continuam a ser uma opção sob consideração pelo governo do Reino Unido. As conversas ocorrem regularmente com governos de todo o mundo sobre uma série de questões e não vamos fornecer mais detalhes nesta fase", disse à Lusa.
A pandemia afetou fortemente o setor do turismo, incluindo as transportadoras aéreas, e Paul Charles considera normal que, à medida que o número de casos de infeção caia, os governos tenham mais confiança em deixar as pessoas viajarem.
"A indústria precisa de boas notícias. A indústria do turismo está de rastos, à espera que a quarentena seja removida e que a confiança seja de novo devolvida ao governo", confiou à Lusa.