O ministro das Infraestruturas disse, esta terça-feira, que a proposta do Estado com as condições para um empréstimo de até 1.200 milhões de euros à TAP foi chumbada pelo Conselho de Administração e admitiu "uma intervenção mais assertiva na empresa". "Estamos preparados para tudo", disse o ministro, admitindo a possibilidade de uma nacionalização caso os privados não aceitem as condições do Governo.
"Tivemos ontem uma reunião do Conselho de Administração onde a proposta do Estado foi chumbada. Teve os votos a favor dos administradores do Estado, teve as abstenções do privado que resulta no seu chumbo. A proposta que o Estado fez neste momento foi chumbada", disse Pedro Nuno Santos, no Parlamento, esclarecendo que, para passar, a proposta teria de ser aprovada com "maioria qualificada", ou seja, com oito votos a favor.
Ainda assim, o ministro não confirmou a notícia avançada pelo Expresso de que a companhia aérea iria ser nacionalizada. De acordo com o governante, a proposta de contrato para o empréstimo vai ser submetida ao sócio privado, a Atlantic Gateway, dos empresários David Neeleman e Humberto Pedrosa, cujos representantes estão no Conselho de Administração.
Caso essa proposta não seja aceite, Pedro Nuno Santos garantiu que o Estado fará "uma intervenção mais assertiva na empresa".
Mais tarde, ainda na audição parlamentar, o ministro das Infraestruturas admitiu que a nacionalização está mesmo em cima da mesa: "Se o privado não aceitar as nossas condições, teremos de intervencionar a empresa, nacionalizar a empresa", referiu.
O semanário Expresso avançou, esta terça-feira, que a rutura entre o Governo e os privados abriria caminho para a nacionalização da companhia aérea. As negociações estão a decorrer, sendo que a TAP está reunida em assembleia-geral, com o assunto em cima da mesa. Esta será uma última possibilidade de Governo e privados chegarem a acordo, uma decisão que poderá ser anunciada pelo primeiro-ministro, António Costa, nas próximas horas, noticia o Dinheiro Vivo.
"Estamos preparados para tudo. (...) Estamos preparados para intervencionar e salvar a empresa. Faremos uma intervenção mais assertiva se o privado continuar a não aceitar as condições do Estado, mas nós defendemos a posição do Estado e dos portugueses e não cederemos nas negociações com o privado", frisou Pedro Nuno Santos.
Por isso mesmo, o ministro das Infraestruturas referiu, por diversas vezes, que não se trata de um braço-de-ferro entre o Governo e os privados, mas sim de uma defesa das condições impostas pelo Estado português.
"É nesse cenário que estamos, não é de braço-de-ferro é de defesa intransigente do interesse nacional. Apresentámos uma proposta com um conjunto de condições que defendem o país e o seu povo. Estamos disponíveis a salvar uma empresa de máxima importância para o país, mas o povo português através do seu representante, que somos nós, quer assegurar um conjunto de condições mínimas, equilibradas e razoáveis", revelou o ministro.
[Notícia atualizada às 13h12]