De acordo com a 5.ª edição do Observatório OIT/Covid, que monitoriza os efeitos da pandemia no mundo laboral, este valor constitui um aumento acentuado em relação às previsões da edição de maio, que estimava uma queda de 10,7% nas horas de trabalho, o correspondente a 305 milhões de empregos a nível global.
"O número de horas de trabalho perdidas em todo o mundo no primeiro semestre de 2020 foi significativamente pior do que o previsto, enquanto que a recuperação altamente incerta no segundo semestre do ano não será suficiente para voltar aos níveis pré- pandemia, mesmo no melhor cenário, e existe um risco de continuar a perda de empregos em larga escala", alertou a OIT no relatório hoje apresentado.
Segundo o documento, as perdas de tempo de trabalho no segundo trimestre foram maiores nas Américas (18,3%), seguidas de Europa e Ásia Central (13,9%), Ásia e Pacífico (13,5%), Estados Árabes (13,2%) e África (12,1%).
Na 5.ª edição deste observatório, a OIT reconheceu que foram adotadas respostas políticas com rapidez e destacou o que considera serem os principais desafios para o futuro.
Defendeu, nomeadamente, que deve ser encontrado "o justo equilíbrio e a sequência adequada entre as intervenções da saúde e económicas e entre as intervenções sociais e políticas para produzir resultados ideais e sustentáveis no mercado de trabalho".
Para a OIT é também necessário que sejam criadas condições de proteção dos "grupos vulneráveis, desfavorecidos e mais afetados, para tornar os mercados de trabalho mais justos e mais equitativos".
A nova edição do observatório apresenta três cenários possíveis de recuperação para o segundo semestre de 2020: um de referência (de base), um pessimista e um otimista.
Salienta que o resultado a longo prazo dependerá da trajetória futura da pandemia e das opções e políticas governamentais.
O cenário otimista pressupõe que a atividade laboral seja retomada rapidamente, aumentando significativamente a procura agregada e a criação de empregos. Com essa recuperação excecionalmente rápida, a perda global de horas de trabalho cairia para 1,2%, o equivalente a 34 milhões de empregos a tempo completo.
O modelo de referência, que pressupõe uma recuperação da atividade económica de acordo com as previsões existentes, o levantamento das restrições do local de trabalho e a recuperação do consumo e do investimento, projeta uma redução nas horas de trabalho de 4,9%, o equivalente a 140 milhões de empregos a tempo completo, por comparação com o quarto trimestre de 2019.
O cenário pessimista pressupõe uma segunda vaga da pandemia e o retorno de restrições que retardariam significativamente a recuperação. A consequência seria uma queda nas horas de trabalho de 11,9%, correspondente a 340 milhões de empregos a tempo completo.
A pandemia de covid-19 já provocou quase 507 mil mortos e infetou mais de 10,37 milhões de pessoas em 196 países e territórios. Portugal contabiliza pelo menos 1.576 mortos e 42.141 casos de contágio.