Com avanços e recuos é assim que podemos caracterizar o processo de negociações em torno da ajuda do Estado à TAP. Se, por um lado, a nacionalização da companhia aérea já pareceu uma realidade mais próxima, por outro, os desenvolvimentos mais recentes dão conta de que um acordo com os privados pode estar por horas - em linha com o que adiantou o primeiro-ministro, António Costa, na quarta-feira.
Ainda assim, Costa terá perdido a aposta. "Se tivesse de apostar diria que hoje [quarta-feira] será o dia da solução para a TAP", disse ontem o primeiro-ministro. Mas não foi. Pelo menos, nenhum acordo oficial foi tornado público, apesar de continuarem as negociações nos bastidores.
Já esta quinta-feira, a SIC Notícias adianta que o acordo será fechado nas próximas horas, sendo que o Governo está prestes a chegar a acordo para comprar a posição da companhia brasileira Azul, presidida por David Neeleman, na TAP. Esta solução evita a nacionalização, cujo diploma poderia ser levado ainda esta quinta-feira a Conselho de Ministros.
O canal televisivo detalha ainda que a Azul está "prestes a ceder à exigência do Governo", que inclui a desistência do direito de converter um empréstimo feito à TAP, no valor de 90 milhões de euros, em capital da transportadora portuguesa.
Se esta solução for para a frente, Neeleman sai da TAP. O Estado passará a ter mais de 70% do capital da companhia aérea e o outro acionista, Humberto Pedrosa, ficará com os restantes 30%. Se esta 'nova' estrutura acionista se confirmar, está afastado o cenário de nacionalização, que nos últimos dias esteve em cima da mesa.
Costa queria afastar nacionalização?
O primeiro-ministro mostrou-se confiante numa solução "estável" para a TAP, na quarta-feira, que passaria por um acordo com os privados, evitando assim a nacionalização. Porém, deixou claro: "se for necessário" o Governo cá estará para responder de outra forma.
"A TAP está a caminho de ter uma solução estável que assegure a Portugal manter a sua companhia, que é fundamental para a nossa continuidade territorial, para a nossa ligação ao mundo, para o desenvolvimento económico do país", disse o primeiro-ministro, quando questionado sobre se a TAP estava no caminho da nacionalização.
Em resposta sobre se o Governo deseja que o empresário David Neeleman saia da TAP, Costa não respondeu à pergunta e limitou-se a referir que não teve "oportunidade nas últimas horas de ter informações" sobre esta matéria. Talvez o dia de hoje traga mais informações sobre o assunto.