Na sua revisão semestral da classificação creditícia de Portugal, os analistas da Axesor Rating preveem uma contração da economia portuguesa que poderá superar os 9,4% no final de 2020, sendo esta quebra acompanhada da deterioração do mercado laboral, com uma taxa de desemprego estimada em 11,6% no final do ano (face aos 6,5% de 2019).
Apontando a elevada dependência do país face aos setores dos serviços, turismo e comércio internacional, a agência espanhola aponta o "elevado nível de dívida pública" de Portugal, "que poderá mesmo superar os 136% no final de 2020", e antecipa uma "importante deterioração das finanças públicas portuguesas, com o excedente orçamental de 0,2% de 2019 a passar a um défice superior a 7% no atual exercício.
Ainda assim, a agência espanhola aponta uma "melhor situação face a crises anteriores, em resultado do importante processo de consolidação fiscal e da correção do mercado laboral observada nos últimos anos".
"Consideramos que a perspetiva da nossa classificação de crédito da República Portuguesa poderá melhorar se a deterioração do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo semestre for notavelmente inferior ao previsto, a recuperação da economia em 2021 acontecer a um ritmo muito superior ao estimado (6,3%) e as finanças públicas continuarem na senda de consolidação fiscal e redução da dívida que vinha acontecendo até agora", sustenta.
Face ao impacto da crise sanitária, a Axesor aponta para um aumento de 9% dos gastos, acompanhada de uma redução na ordem dos 6,2% das receitas, sobretudo devido à redução desta com impostos sobre a produção e importações, em resultado da pandemia.
Ainda assim, a agência admite que esta situação poderá ser mitigada quando chegarem as ajudas do Fundo de Reconstrução Europeu, prevendo uma recuperação das receitas em 2021, com uma subida de 6,4%.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 531 mil mortos e infetou mais de 11,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal morreram 1.614 pessoas das 43.897 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.