Gita Gopinath, economista-chefe, e Vítor Gaspar, diretor do departamento de Finanças Públicas, defendem, no entanto, num artigo publicado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que os governos devem evitar reduzir os gastos muito depressa, devido ao risco de comprometerem a recuperação económica.
"Embora a trajetória da dívida pública possa continuar num cenário desfavorável, um ajustamento orçamental demasiado precoce apresenta um risco ainda maior de comprometer a retoma, com custos orçamentais futuros mais importantes", escrevem.
Para os dois economistas, a equação é difícil, dado que para os governos se trata de estimular as economias afetadas pela crise sanitária sem que as suas dívidas se tornem insustentáveis.
No total, os governos gastaram perto de 11 biliões de dólares em ajudas a famílias e empresas afetadas pela paralisação económica que resultou do confinamento decretado para conter a pandemia de covid-19.
Nesta altura, "muitos governos aproveitam os níveis historicamente baixos dos custos de empréstimos" e as taxas de juro devem permanecer nesses níveis "durante bastante tempo", notam Gita Gopinath e Gaspar, ex-ministro das Finanças português.
O FMI prevê uma estabilização da dívida pública mundial em 2021, com exceção dos Estados Unidos e da China, mas pede prudência.
"Há uma diversidade nos níveis de dívidas e nas capacidades financeiras dos países", referem, numa altura em que a incerteza quanto às projeções económicas continua a ser grande.
Os dois responsáveis do FMI defendem que "é essencial encontrar o caminho do equilíbrio orçamental sustentável nos países que entraram nesta crise já com uma dívida elevada e um crescimento fraco".
A médio prazo, os governos devem adotar "um plano orçamental credível", que pode, por exemplo, aproveitar uma maior mobilização de recursos "reduzindo ao máximo a evasão fiscal" ou introduzindo uma tributação mais alta do carbono.
Outra ideia avançada diz respeito à redução das despesas, eliminando as subvenções a energias fósseis.