"Verifica-se que os participantes tencionam, depois da pandemia, consumir mais produtos frescos, produtos de mercearia e produtos de higiene e beleza", revelou o "Estudo da Sociedade Portuguesa - Consumo pós-pandemia".
No sentido inverso, os inquiridos apresentam menor intenção de consumir eletrodomésticos ou 'gadgets', mobília ou objetos de decoração e medicamentos para a ansiedade.
Por serviço, os portugueses tencionam consumir, pós-covid-19, os que estão ligados à restauração, espetáculos e edução.
No entanto, apresenta menor intenção de comprar e arrendar casa nova, subscrever novos serviços e produtos de proteção e serviços de decoração.
A Católica-Lisbon apresentou ainda uma análise dos padrões de consumo de produtos e serviços por 'clusters', através de um método que permitiu a identificação de quatro grupos de consumidores.
Posteriormente, recorreu a um método não hierárquico para a extração de quatro grupos -- Ávido, Boémio, Básico e 'Mindful' - , que apresentam "diferenças significativas" nas intenções de consumo.
Segundo o estudo, o consumidor ávido está "altamente motivado" para voltar ao consumo de produtos e serviços.
Neste grupo, que à semelhança dos restantes é constituído maioritariamente por mulheres, 54,1% dos inquiridos apresentam entre muitas a moderadas dificuldades financeiras, enquanto 45,9% afirmam não ter dificuldades.
"O consumidor ávido é o segmente que apresenta um maior poder de compra e um estilo de vida mais consumista. Tem um nível de escolaridade e rendimento mais elevado [...]. Comparativamente a outros segmentos, o consumidor ávido pretende consumir mais produtos ligados ao prazer e aos cuidados de beleza. O consumidor ávido é o consumidor com maior intenção de consumir todo o tipo de serviços, com exceção para os ligados ao desenvolvimento pessoal", lê-se no documento.
Por sua vez, o segmento boémio inclui os consumidores com maior predisposição para o consumo de produtos e serviços de casa, como restauração, espetáculos, hotéis e aviação.
Mais de metade (56%) dos inquiridos que integram este 'cluster' apresentam entre muitas e moderadas dificuldades financeiras, enquanto 44% não têm dificuldades.
"O consumidor boémio é um consumidor jovem, já com alguma estabilidade profissional e financeira [...]. Comparativamente aos outros segmentos, pretende consumir mais produtos de higiene e beleza, bebidas alcoólicas e espirituosas e, por fim, produtos ligados ao prazer. Este consumidor está ainda mais focado nos serviços ligados ao prazer, escape e cuidados de beleza", apontou.
O segmento básico, por seu turno, engloba o consumidor focado na compra de produtos essenciais, como mercearia e higiene, e serviços ligados a necessidades básicas, como a restauração.
Neste cluster, 67,6% dos consumidores têm entre muitas e moderadas dificuldades financeiras e 32,4% não têm dificuldades.
Por último, o 'cluster' 'mindful' representa consumidores jovens, ainda estudantes ou a iniciar a atividade profissional, que se apresentam bastante satisfeitos com a vida.
"O consumidor 'mindful' estará mais focado em dar resposta a necessidades de estima visto que pretende consumir produtos relacionados com o seu bem estar e bem estar comum, assim como materiais educativos. Ao nível dos serviços está notoriamente focado no seu auto desenvolvimento, físico e intelectual, e também em atividades sociais. Comparativamente aos outros segmentos, o consumidor 'mindful' está mais focado no consumo de produtos sustentáveis e biológicos, e serviços ligados à educação e cursos especializados", revelou.
Neste segmento, 65,1% dos inquiridos apresentam entre muitas e moderadas dificuldades financeiras, enquanto 34,9% referem não ter dificuldades.
Este estudo, realizado em maio, contou com 493 participantes do painel de estudos 'online' da Católica-Lisbon, que foram questionados sobre as suas intenções de consumo no período pós-pandemia de covid-19.
Do total da amostra, 319 inquiridos são do sexo feminino e 173 do masculino, com idades compreendidas entre os 18 e os 59 anos.
Já no que se refere ao nível de escolaridade, 71,3% dos participantes possuem ensino superior, 30,8% o ensino secundário completo e 2,5% o ensino básico.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 569 mil mortos e infetou mais de 12,92 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.662 pessoas das 46.818 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.