"Quando se olha a performance da economia portuguesa, a questão da conectividade é absolutamente vital", começou por dizer António Costa Silva durante um debate no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, que se seguiu à apresentação do documento "Visão Estratégica para o Plano de Recuperação 2020/2030", da sua autoria.
"Nós não vamos sobreviver no século XXI se não apostarmos nos sistemas que nos ligam ao mundo e é por isso que a ferrovia é cada vez mais importante e que a ligação de alta velocidade entre Porto e Lisboa é tão importante", sublinhou o gestor, acrescentando que "as ligações aéreas até 600 quilómetros - e já se discute que até 1.000 quilómetros - vão ser pura e simplesmente proibidas".
Para António Costa Silva, esta situação exigirá "um grande ajustamento para a aviação internacional".
Neste contexto, em Portugal, pela sua própria geografia, "o aeroporto é indispensável e a TAP é indispensável", salientou o consultor do Governo, afirmando que "não estamos na idade das cavernas" mas "num mundo global que vai ser ajustado".
No documento, Costa Silva defende a construção de um aeroporto "para a grande Área Metropolitana de Lisboa", destacando que "as ligações aéreas são fundamentais na performance da economia portuguesa", não só para o turismo mas para outros setores.
Com quase 140 páginas, o documento feito pelo consultor a pedido do Governo e que entra agora em discussão pública, servindo de base para o plano de recuperação do executivo a apresentar à Comissão Europeia em outubro, não prevê o impacto financeiro das medidas a tomar.
António Costa Silva disse que, apesar de ter feito as contas, essa matéria "é da competência do Governo", a quem caberá definir prioridades.
O documento "Visão Estratégica para o Plano de Recuperação 2020/2030" de Costa Silva foi apresentado no mesmo dia em que o Conselho Europeu chegou a acordo sobre um pacote financeiro de 1,82 biliões de euros para a retoma da economia comunitária, após longas e difíceis negociações.
Portugal vai arrecadar, com o orçamento da União Europeia (UE) a longo prazo e o Fundo de Recuperação, 45 mil milhões de euros em subsídios, destinando 300 milhões à região do Algarve, devido à quebra no turismo.
Falando hoje aos jornalistas em Bruxelas, minutos depois de o Conselho Europeu ter chegado a acordo, o primeiro-ministro português, António Costa, indicou que, "no total, entre verbas disponíveis através do próximo Quadro Financeiro Plurianual e verbas mobilizadas a partir do Fundo de Recuperação, Portugal terá disponíveis 45 mil milhões de euros" nos próximos sete anos.
No anterior Quadro Financeiro Plurianual 2014-2020 -- e no qual não estava incluído o Fundo de Recuperação agora criado por causa da pandemia --, Portugal dispunha de 32,7 mil milhões de euros, havendo agora um acréscimo de 37%.
Entre os 45,1 mil milhões de euros que o país irá agora arrecadar incluem-se 15,3 mil milhões de euros em transferências a fundo perdido exatamente no âmbito desse programa para a recuperação, bem como 29,8 mil milhões de euros em subsídios do orçamento da UE a longo prazo 2021-2027.
E, embora não entrem nestas contas, a estes montantes acrescem 10,8 mil milhões de euros em empréstimos, ainda no âmbito do Fundo de Recuperação.