"Esta evolução resultou da conjugação do decréscimo de 0,7% no custo médio por trabalhador com a redução de 12,2% no número de horas efetivamente trabalhadas por trabalhador", refere o Instituto Nacional de Estatística (INE), segundo o qual "o decréscimo desta última componente foi transversal a todas as atividades económicas analisadas, em linha com resultados divulgados recentemente no âmbito das Estatísticas do Emprego".
No trimestre anterior, a variação homóloga do ICT tinha já acelerado para 7,7% (valor revisto face aos 6,5% estimados a 21 de maio passado).
Segundo o INE, no segundo trimestre de 2020 os custos salariais aumentaram 15,2% e os 'outros custos' do trabalho aumentaram 5,4%, tendo estas variações sido "significativamente mais acentuadas" que as observadas no trimestre anterior (7,7%, 7,6% e 8,1%, respetivamente), com exceção para os 'outros custos'.
"Esta aceleração resultou sobretudo da forte redução das horas efetivamente trabalhadas por trabalhador no segundo trimestre de 2020, acentuando o decréscimo já observado no trimestre precedente", explica o instituto, precisando que o número de horas efetivamente trabalhadas por trabalhador diminuiu 12,2% (face aos -3,9% no trimestre anterior) e o custo médio por trabalhador diminuiu 0,7% (+ 3,4% no trimestre anterior).
De acordo com o INE, "a redução das horas trabalhadas foi fortemente influenciada pela implementação do regime de 'lay-off' simplificado", sendo as variações do custo total e dos custos salariais superiores às dos 'outros custos' "devido à diminuição ou isenção do pagamento de contribuições sociais das empresas que aderiram a este instrumento (e que estão incluídas na componente 'outros custos')".
"O aumento dos custos salariais (custo médio horário) é explicado pelo efeito conjugado do acréscimo dos custos médios por trabalhador e do decréscimo acentuado das horas efetivamente trabalhadas por trabalhador", refere.
Com exceção das atividades das secções ligadas ao setor industrial, os custos salariais (custo médio por trabalhador) aumentaram, essencialmente devido a aumentos no salário base e no subsídio de férias.
Já o aumento observado nos 'outros custos' (custo médio horário) resultou do decréscimo dos custos médios por trabalhador (devido à diminuição ou isenção do pagamento das contribuições patronais das empresas) e das horas efetivamente trabalhadas por trabalhador.
Comparando a variação do ICT português com o do conjunto da União Europeia, verifica-se que o aumento homólogo de 7,7% registado em Portugal no primeiro trimestre (período a que reportam os dados mais recentes disponíveis relativamente a cada Estado-membro) foi superior à média de 3,7% dos países da União.
O ICT é um indicador de curto prazo que pretende medir a evolução trimestral dos custos do trabalho por hora efetivamente trabalhada (custo médio horário) suportados pela entidade empregadora.
O índice é calculado dividindo o custo médio por trabalhador pelo número de horas efetivamente trabalhadas por trabalhador.
Por esta razão, a evolução destas duas variáveis (custos do trabalho e horas trabalhadas) concorrem para explicar a sua evolução, justifica o INE.