Depois de ter arrancado em Portugal em fevereiro envolvendo cerca de 50 entidades, que aumentaram já para 82, a campanha "reinventar o plástico" vai apostar essencialmente na componente digital e redes sociais, estando também presente em lojas, explicou à Lusa o coordenador do Pacto, Pedro São Simão.
A iniciativa, que tem o apoio do Governo, envolve entidades como empresas, autarquias e universidades, e estabelece metas para 2025, uma delas a garantia de que 100% das embalagens de plástico serão então reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis.
Em declarações à Lusa Pedro São Simão disse estar otimista quanto aos objetivos e considerou mesmo que algumas das metas podem até ser atingidas antes de 2025.
E usou como exemplo o facto de ter havido desde fevereiro um grande aumento do número de entidades envolvidas no Pacto, sendo que até final do ano, disse, muitas outras devem aderir.
E nessa altura, o Pacto, que é uma iniciativa que decorre em vários países, estará já nos cinco continentes, acrescentou.
Hoje, disse também a propósito do otimismo, há empresas a garantir mais reciclagem de plástico, há mais inovação, há embalagens que incorporam plásticos recolhidos nos oceanos, há uma indústria a adaptar-se.
"Há todo esse esforço, mas ainda falta muito e é preciso mais inovação, mais investimento. Mas vamos no bom caminho", afirmou.
E o caminho passa agora, acrescentou, por sensibilizar o consumidor, consciencializando-o para a necessidade de reduzir o consumo de produtos de plástico que sejam desnecessários, sendo essa a primeira fase da campanha.
A segunda fase passa pela sensibilização para a reutilização e reciclagem. Pedro São Simão citou os casos dos sacos reutilizáveis, ou de recargas para detergentes, que têm boa aceitação do consumidor, e salientou que "todo o plástico tem valor e pode ser reutilizado várias vezes".
E a terceira fase, adiantou, destina-se a levar o consumidor a repensar e redesenhar o uso do plástico, um produto que tem "capacidade para se reinventar".
"O plástico tem um papel muito importante, mas o que tem de deixar de existir é a poluição. Temos de o reinventar, mas agora sem produzir poluição e resíduos".
E a pandemia de covid-19 não provocou um retrocesso nesta matéria? Pedro São Simão diz que o que os responsáveis pelo Pacto têm sentido é que "há um empenho muito grande em avançar com soluções" e que em países como os Estados Unidos ou a Alemanha houve "grande crescimento" de soluções de reutilização de plástico em plena pandemia.
E o adiamento da proibição de plásticos de uso único na restauração, decidido recentemente pelo Governo? "O adiamento é puramente circunstancial, mas a visão a longo prazo é a de dar continuidade a soluções de reutilização e menos consumo de plástico", respondeu.
E alertou de seguida: "O vírus não escolhe se as superfícies são reutilizáveis ou descartáveis. O importante é que sejam bem higienizadas".
O Pacto Português para os Plásticos envolve marcas, produtores, retalhistas, recicladores, entidades gestoras de resíduos, Governo, universidades, organizações não-governamentais, poder local e a comunidade.
É liderado pela Associação Smart Waste Portugal e pertence à rede global de Pactos dos Plásticos, da Fundação Ellen MacArthur, que junta iniciativas similares de várias geografias, com o objetivo de partilha de experiências, conhecimentos e boas práticas.
Entre as metas para 2025 está também garantir que pelo menos 70% das embalagens plásticas são efetivamente recicladas, aumentando a recolha e a reciclagem, e incorporar em média 30% de plástico reciclado em novas embalagens.