"A empresa envolveu-se com as partes interessadas, incluindo as autoridades nacionais, provinciais e distritais, relativamente à decisão de não fomentar e comercializar a produção do tabaco", refere-se num documento da MLT enviado hoje à Lusa.
Segundo a empresa, a decisão foi influenciada pela "redução generalizada da procura global de tabaco, agravada pela covid-19", o que coloca "inúmeros desafios" ao setor no mercado internacional.
"É tudo uma cadeia: a covid-19 afeta os consumidores e estes reduzem ou abandonam, cada vez mais, o consumo e isso tem influência direta na procura e produção do tabaco", sublinha a empresa.
Na campanha agrícola 2020/2021, a empresa não vai produzir tabaco em alguns distritos da província de Niassa, no norte do país, nomeadamente Maúa, Nipepe e Marrupa, e no distrito de Bárue, em Manica, no centro do país.
"Este realinhamento da empresa vai implicar que haja nestes distritos uma mudança de culturas a serem produzidas. Há provavelmente pessoas que dependem do tabaco, mas vão ter de procurar outras culturas", explica a MLT.
Além da influência da pandemia, a MLT aponta ainda a "legislação pesada, crescente tributação e comércio ilícito de produtos de tabaco" como outros desafios que a empresa enfrenta e que levaram à decisão de reduzir a produção da cultura em Moçambique.
A Moçambique Leaf Tobacco, com sede na província de Tete, no centro do país, é uma empresa que se dedica ao fomento, comercialização, processamento e exportação de tabaco para os mercados europeu, asiático e da América do Sul.
A empresa tem cerca de 117 mil produtores do setor familiar, produzindo mais de 60 mil toneladas de tabaco Burley, Virginia e Dark Fire Cured.
Desde o anúncio do primeiro caso do novo coronavírus em Moçambique, em 22 de março, o país regista um total de 8.288 casos positivos, 59 óbitos e contabiliza 4.836 pessoas dadas como recuperadas (58% do cumulativo de infeções).
A pandemia de covid-19 já provocou mais de um milhão de mortos e mais de 33,4 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.