"Bagagem que trazemos de Espanha tem-nos permitido potenciar a atuação"

Passou pouco mais de um ano desde que a Mercadona abriu o primeiro supermercado em Portugal. Até ao final de 2020, a marca espanhola quer atingir a marca das duas dezenas de lojas. Abrir no Centro do país é uma hipótese, mas só em 2022 ou 2023.

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Beatriz Vasconcelos
12/10/2020 09:30 ‧ 12/10/2020 por Beatriz Vasconcelos

Economia

Mercadona

A Mercadona abriu portas pela primeira vez em Portugal há pouco mais de um ano, mas desde então já abriu 16 estabelecimentos. A pandemia obrigou a uma pausa no plano de expansão da marca, sendo que já foi retomado e o objetivo é atingir o patamar das duas dezenas de supermercados em solo nacional até ao final do ano. 

O balanço da entrada em Portugal é "extremamente positivo", disse Elena Aldana, diretora-geral de relações internacionais da Mercadona, em entrevista por escrito ao Notícias ao Minuto. A "bagagem" que a marca traz de Espanha ajudou, mas o grupo - que trata os clientes por 'chefes' - dedicou vários meses ao estudo do mercado português e adapta-se agora a um novo contexto, criado pela pandemia, com alguns desafios. 

A Mercadona definiu três desafios no âmbito da economia circular. Considera que a sustentabilidade ainda é uma prioridade mesmo com o foco voltado para a pandemia

É verdade. A Mercadona acaba de lançar a Estratégia 6.25, que define seis ações com um triplo objetivo, até 2025: 1) reduzir 25% do plástico; 2) tornar todas as embalagens de plástico recicláveis; 3) e reciclar todos os resíduos de plástico.

Apesar da pandemia ter implicado um conjunto de alterações a que as empresas foram obrigadas a dar resposta a curto prazo, a sustentabilidade continua a ser, e cada vez mais, uma prioridade. Isto porque, mesmo com a atualidade mediática dominada pela pandemia, chegam-nos também, diariamente, notícias preocupantes relacionadas com o consumo de recursos naturais e com o impacto que essa realidade terá na sustentabilidade do planeta.

Os portugueses têm acompanhado de forma crescente e entusiasta o nosso crescimento (...) E isso é o maior sinal de que estamos no bom caminhoTemos, enquanto sociedade, de estar atentos à evolução da pandemia, mas continuar a cumprir as orientações que permitam encontrar soluções para este desafio global e agir, no imediato, para tornar a nossa economia e as nossas empresas ainda mais sustentáveis. A solução depende única e exclusivamente da nossa ação e de mudanças comportamentais profundas. Em prol da sustentabilidade, do mundo e do futuro, tendo sempre presente que também é um tema da responsabilidade de cada um de nós, individualmente, e como sociedade, no conjunto.

Um ano depois da primeira abertura em Portugal, qual é o balanço que faz da atividade cá? 

Um balanço extremamente positivo. Temos, atualmente, 16 lojas abertas em Portugal, número que irá crescer para as duas dezenas até ao final de 2020, cumprindo com o nosso plano de expansão no país. Os portugueses têm acompanhado de forma crescente e entusiasta o nosso crescimento, quer do ponto de vista dos clientes quer dos fornecedores. E isso é o maior sinal de que estamos no bom caminho.

Há poucos meses foi retomado o calendário de aberturas. É um desafio abrir novos estabelecimentos neste novo contexto? 

A abertura de qualquer estabelecimento é sempre um grande desafio. Em qualquer contexto. Neste, em particular, assume contornos ainda mais complexos e particulares. Conseguimos manter, ainda que com ligeiros ajustes, o nosso plano de aberturas e os inerentes processos de recrutamento e formação. Estamos muito atentos à evolução desta nova realidade e altamente focados nas exigências que acarreta, tendo sempre como prioridade a segurança e saúde dos nossos colaboradores e 'Chefes' (os clientes).

E como empresa socialmente responsável, mais ainda neste contexto, queremos garantir que as nossas ações têm um impacto positivo na sociedade. Por este motivo, além de colaborarmos com diferentes instituições e bancos alimentares, queremos garantir que cada loja que abre, desde o primeiro dia, colabore diretamente com uma cantina social para, desta forma, poder diariamente doar bens alimentares às famílias carenciadas que apoiam. Com este reforço, desde janeiro e até ao final de setembro, a Mercadona já doou mais de 700 toneladas em bens alimentares, quantidade que muito nos orgulha, uma vez que apenas temos 16 lojas no país.

O nosso principal desafio residiu no esforço para mantermos a nossa atividade o mais regular e estabilizada possível, transmitindo diariamente uma atitude de confiançaQual foi o principal desafio que a Covid-19 representou para o setor?

As questões de higiene e segurança foram, desde sempre, uma prioridade para a Mercadona, não só nas nossas lojas, mas em toda a cadeia, junto dos nossos produtores e fornecedores. Esta nova realidade obrigou-nos, naturalmente, a reforçar esta área, com medidas que implementamos desde a primeira hora.

Mas julgo que o nosso principal desafio residiu no esforço para mantermos a nossa atividade o mais regular e estabilizada possível, transmitindo diariamente uma atitude de confiança – garantindo diariamente a reposição e o abastecimento –, de organização e do sentimento de segurança que todos procuramos.

Todo o conhecimento e bagagem que trazemos de Espanha tem-nos permitido potenciar a atuação no mercado nacional e fidelizar os consumidores portuguesesUma vez que a Mercadona tem uma posição sólida no mercado espanhol, quais são as principais diferenças entre o mercado português e o espanhol?

Será ainda bastante prematuro estabelecer paralelismos. Em Espanha, temos já mais de 40 anos de atividade e mais de 1.600 lojas abertas. Apesar da operação em Portugal ser ainda bastante recente, todo o conhecimento e bagagem que trazemos de Espanha tem-nos permitido potenciar a atuação no mercado nacional e fidelizar os consumidores portugueses, que veem na Mercadona uma empresa estável, de confiança, com qualidade e centrada nos seus 'Chefes'.

Desde o início, tivemos o cuidado de perceber que entrávamos num país distinto, com as suas particularidades que devíamos respeitar. Foi por isso que, desde 2016 – e com três anos pela frente até à abertura da primeira loja no país em 2019 –, estudámos toda a legislação, o setor, o sortido de produtos, as localizações das nossas instalações e futuras lojas, etc. E mesmo com as características particulares de cada mercado e, naturalmente, de cada tipo de consumidor, considero que estamos perante uma realidade com mais pontos em comum do que diferenças. Qualidade, segurança, confiança e um preço justo: são estes os pontos-chave do mercado ibérico.

A entrada em Portugal marcou o início da internacionalização da empresa. Onde vai parar? 

No campo da internacionalização, o foco da empresa está e estará, pelo menos nos próximos anos, no mercado português. Trata-se de um projeto a longo prazo, que envolve um elevado investimento, contratações e compras a fornecedores nacionais. Temos, ainda, um alargado/amplo plano de aberturas programado para os próximos anos e, como tal, todos os esforços da empresa estão voltados para este mercado.

Quais são as expectativas para os próximos meses, num período em que o consumo ainda será condicionado pela pandemia

A nossa maior expectativa é, em primeiro lugar, que a pandemia possa ser controlada (e que haja uma vacina disponível) o mais rapidamente possível, de forma a conseguirmos voltar rapidamente, e do ponto de vista social e económico, aos níveis pré-pandémicos. Temos, contudo, consciência de que esta situação levará ainda alguns meses a estabilizar. Da nossa parte, vamos manter o compromisso de manter a atividade como o fizemos até aqui para que não falte absolutamente nada nos nossos supermercados e aos portugueses que nos visitam.

Vamos continuar com a abertura de mais 10 lojas em 2021 e avaliar a possibilidade de acelerar o nosso plano de expansãoA Mercadona implementou, logo no início do ano, medidas de segurança adicionais, cruciais para salvaguardamos a saúde e segurança dos nossos colaboradores e clientes. Sentimos que esse esforço foi amplamente reconhecido, nomeadamente pelos clientes, que demonstraram uma enorme confiança e segurança na visita aos nossos espaços. Acreditamos que os próximos meses serão desafiantes, principalmente no que se refere ao poder de compra dos portugueses. Acreditamos, também, que continuaremos a figurar na lista de preferências dos consumidores, não só pela segurança que oferecemos, como também pela qualidade dos nossos produtos, algo cada vez mais valorizado pelo consumidor.

Será um período desafiante, que devemos encarar como uma oportunidade para continuarmos a dar uma resposta célere e eficaz, sempre com o foco nos nossos colaboradores e nos nossos “Chefes”. Independentemente do período que vivemos, esta é e sempre será a nossa prioridade.

Quantas lojas quer ter a Mercadona em Portugal daqui por cinco anos? 

O nosso objetivo é manter o plano de expansão e chegar às 20 lojas já neste ano. Vamos continuar com a abertura de mais 10 lojas em 2021 e avaliar a possibilidade de acelerar o nosso plano de expansão assim que dermos início à abertura de lojas noutras zonas do país.

A expectativa de abrir um supermercado em Lisboa em 2022 mantém-se? 

Estamos a trabalhar para que seja possível, já em 2022/2023, abrir a nossa primeira loja no centro do país, alargando a nossa rede para outras regiões e facilitando, assim, que os consumidores desta região possam ter acesso às nossas lojas – espaçosas e bonitas – e possam, também, descobrir os produtos da Mercadona e a atenção e cuidado de toda a nossa equipa para com os nossos clientes.

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