Segundo os números divulgados hoje no Monitor Orçamental da instituição internacional, a dívida pública portuguesa deverá subir dos 117,2% do PIB registados em 2019 para os 137,2%, devido aos efeitos da pandemia.
Na segunda-feira, no âmbito da apresentação da proposta de lei do Orçamento do Estado para 2021 (OE2021), o Governo indicou que a sua estimativa era que a dívida pública atingisse os 134,8% do PIB em 2020, abaixo da do FMI hoje conhecida.
Para 2021, invertem-se os 'papéis', com o FMI a ser mais otimista que o Governo português, ao apontar para uma dívida de 130,0% do PIB face aos 130,9% esperados pelo Ministério das Finanças.
As previsões hoje apresentadas pelo FMI são uma revisão em alta dos números conhecidos em abril, em que a instituição com sede em Washington apontava para um rácio da dívida pública face ao PIB de 135% em 2020.
Para 2021, o FMI também reviu os números em alta face às previsões de abril, altura em que previa que a dívida pública chegasse aos 128,5% do PIB, menos 1,5 pontos percentuais que a perspetiva hoje conhecida.
As restantes previsões de outras instituições apontam ainda para uma dívida pública de 135,9% em 2020 e 131,4% em 2021, no caso da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e de 137,6% e 134,5%, respetivamente, no caso do Conselho das Finanças Públicas.
O FMI projetou também hoje que a dívida pública portuguesa deverá descer para os 124,1% do PIB em 2022, 119,6% em 2023, 117,8% em 2024 e 115,9% em 2025.
No relatório que acompanha a proposta de Orçamento o Estado para 2021, o Governo também projetou a trajetória da dívida pública, mas a um prazo de 15 anos, apontando para uma chegada aos 93,7% em 2035.
Em 2022, segundo o Governo, a dívida pública deverá chegar aos 126,9% do PIB, em 2023 aos 123,1%, em 2024 aos 118,8% e em 2025 aos 115,6%.
A análise de sustentabilidade do Governo contém estimativas que "têm como pressupostos as previsões macroeconómicas subjacentes ao exercício do grupo de trabalho sobre o envelhecimento populacional e sustentabilidade atualmente em curso, que consideram uma taxa de juro implícita na dívida superior ao crescimento nominal do PIB em 0,08 p.p. no período 2022-2035 (3%)".
"No intuito de se atingir um rácio da dívida de 60% em 2035, o que implicaria uma redução da dívida em mais de metade (-70,9 p.p.) do valor de 2021, o ajustamento orçamental adicional ao previsto para 2021 teria de ser incrementado 6,8 p.p. até 2026, altura em que se manteria inalterado até ao final do período", assinalam as Finanças.
Em termos de dívida líquida do setor público, o FMI projeta que dos 111,4% do PIB de 2019 se passe para os 130,9% em 2020, 123,6% em 2021, 118,0% em 2022, 113,8% em 2023, 112,2% em 2024 e 110,4% em 2025.