"É mais uma medida que, mais uma vez, não conseguimos compreender. Se temos os membros do Governo e o próprio primeiro-ministro a dizer que ir a um espetáculo é seguro, porque é que fazem essas restrições aos fins-de-semana, que é quando as pessoas podem ir a salas de espetáculos?", questionou Sandra Faria, da APEFE, em declarações à Lusa, numa referência ao recolher obrigatório e às limitações de circulação, impostos durante o estado de emergência.
A APEFE promoveu no sábado de manhã, no Campo Pequeno, em Lisboa, um protesto que alertou para a situação "trágica" vivida no setor.
"Não nos deixam trabalhar, então têm de nos apoiar, que não é apoiar é investirem em nós. Nós não queremos subsídios, não queremos apoios, queremos que invistam na Cultura, e não está a acontecer", afirmou Sandra Faria, hoje, à Lusa.
A representante da APEFE questiona "como é que vem uma 'bazuca económica' da Europa e não há uma percentagem nem uma alínea para a Cultura?". "É impensável", defendeu, pedindo ao Governo que "assuma", caso queira "acabar com a Cultura".
"A Cultura não tem 'takeaway', não podemos ir a casa das pessoas fazer espetáculos", disse, em comparação com a situação dos restaurantes, que, apesar de terem de estar encerrados, podem fazer entregas de refeições ao domicílio.
Sandra Faria referiu ainda a "trapalhice" do Governo ao divulgar "primeiro a resolução de uma forma" e depois "fazer uma correção".
"Há uma dificuldade enorme em passar a informação. Nem nós, nem os públicos, nem ninguém, percebe nada das medidas, como elas são passadas", afirmou.
O Governo retificou hoje o decreto que regulamenta o estado de emergência para retirar as deslocações a eventos ou equipamentos culturais da lista de exceções à proibição de circulação nos períodos de recolher obrigatório ao fim de semana e feriados.
O decreto original, publicado no sábado, estabelece a proibição de circulação na via pública aos sábados, domingos e feriados, entre as 13:00 e as 05:00, nos concelhos de risco muito elevado e extremo de propagação da covid-19.
No entanto, o decreto ressalva a possibilidade de "deslocações a mercearias e supermercados e outros estabelecimentos de venda de produtos alimentares e de higiene, para pessoas e animais", sendo agora clarificado que nesta sequência não se encontra o acesso a eventos e equipamentos culturais, como tinha sido inicialmente publicado.
A novidade em relação aos espetáculos culturais, que já estavam de fora das exceções de circulação em períodos de recolher obrigatório, é que passam agora a estar impedidos de servir como justificação para circular entre concelhos em momentos de proibição de tal.
Ao contrário do que aconteceu no último fim de semana de outubro e dia de Todos os Santos, em que a circulação entre concelhos também esteve proibida, não serão permitidas deslocações para assistir a espetáculos culturais.