"No que concerne ao pessoal de terra, redução de 450 trabalhadores da M&E, mais 300 trabalhadores da sede, isto é, um total de 750 trabalhadores de Terra", lê-se no comunicado assinado pelo Sindicato dos Economistas (SE), Sindicato dos Engenheiros (SERS), Sindicato dos Contabilistas (SICONT), Sindicato das Indústrias Metalúrgica e Afins (SIMA), Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC), Sindicato dos Quadros da Aviação Comercial (SQAC) e pelo Sindicato dos Técnicos de 'Handling' de Aeroportos (STHA).
Mais, os sindicatos que representam o pessoal de terra da aviação foram informados, na reunião de sexta-feira com a administração, de que estes profissionais vão sofrer um "corte de 25% na massa salarial, acima de um valor mínimo garantido, isto é, não há cortes nos salários mais baixos".
A plataforma de sindicatos que representam trabalhadores da TAP referiu, também, que lhes foi comunicada a redução global de 3.000 trabalhadores do quadro, através de medidas voluntárias, como rescisões por mútuo acordo, licenças sem vencimento de longa duração, trabalho a tempo parcial e outros mecanismos ainda em análise.
Os sindicatos lembraram que, àquele número, deve somar-se "despedimentos coletivos na dimensão necessária para chegar ao número de 3.000 trabalhadores" e os "cerca de 1.600 trabalhadores contratados a termo que desde abril de 2020 até março de 2021 não renovaram ou renovarão", o que totaliza uma redução de "4.600 num universo de quase 11.000 trabalhadores em janeiro de 2020".
"Perante este cenário, demonstrámos desde logo o nosso profundo desagrado por não ter havido qualquer reunião de trabalho com os sindicatos, o que levou à -- tentativa de -- apresentação de factos consumados, o que sempre dissemos que não aceitaríamos", acusaram os sindicatos.
A estrutura destacou também o abandono dos apoios do Governo à retoma progressiva, a partir do dia 01 de dezembro, o que significa que os trabalhadores voltam a cumprir o seu horário completo.
Na sua ótica, aquela decisão demonstra o "objetivo do Governo", que é "despedir 60 dias após os apoios recebidos".
Numa comunicação aos trabalhadores, a que a Lusa teve acesso, a administração da TAP referiu que vai propor aos trabalhadores um pacote de medidas voluntárias, que incluirá rescisões por mútuo acordo, licenças não remuneradas de longo prazo e trabalho a tempo parcial, e admite cortes salariais transversais e despedimentos.
Além de medidas voluntárias que serão apresentadas "nas próximas semanas", o Conselho de Administração adianta que "estão colocados para discussão cenários como a suspensão do pagamento de alguns complementos remuneratórios, cortes salariais transversais, garantindo um valor mínimo que assegure a proteção aos salários mais baixos, e ainda a possibilidade de adequar o número de trabalhadores a uma operação que nos próximos anos será reduzida em 30% a 50%, retrocedendo assim a valores vividos há mais de uma década".
Já a direção do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) adiantou, numa nota aos seus associados, a que a Lusa teve também acesso, que o plano de reestruturação da TAP prevê o despedimento de 500 pilotos e a redução em 25% dos seus salários.
O plano de reestruturação da TAP, elaborado pela consultora Boston Consulting Group (BCG), no âmbito do apoio estatal de até 1.200 milhões de euros, tem de ser entregue à Comissão Europeia até 10 de dezembro.