"Conseguimos disponibilizar grandes somas em 2020 e conseguiremos fazê-lo em 2021 porque temos gerido bem as nossas finanças nos últimos anos", disse a chanceler alemã no seu 'podcast' semanal.
O parlamento alemão deverá votar o orçamento federal na próxima semana.
A chanceler, que está no poder há 15 anos, destacou que a Alemanha é o país menos endividado do G7.
Esta ajuda "representa muito dinheiro, mas os custos seriam ainda mais elevados, tanto financeira como socialmente, se muitas empresas entrassem em colapso e se se perdessem milhões de empregos", acrescentou Angela Merkel, que deixará o cargo em 2021.
"Claro que não podemos manter este nível de apoio indefinidamente e é evidente que teremos de trabalhar nesta dívida excecional a partir de 2023", continuou, acrescentando que se anteveem "enormes desafios orçamentais para os próximos anos".
Cada vez mais vozes apelam a um regresso gradual à disciplina orçamental, num país que é avesso à despesa pública e que injetou milhares de milhões de euros para ajudar as suas empresas a ultrapassar o choque da crise.
Em março, Berlim desbloqueou perto de um bilião de euros de ajuda às empresas sob a forma de trabalho a tempo parcial, empréstimos garantidos e ajuda direta.
Em junho, o país lançou um plano de recuperação de 130 mil milhões de euros para investimentos de futuro e para estimular o consumo.
Esta despesa resultará em 300 mil milhões de euros de novas dívidas em 2020 e 2021 para a maior economia da zona euro, de acordo com o Ministério das Finanças.
Com isto, o país pôs de lado a regra do "travão da dívida", consagrada na constituição alemã, que proíbe o governo federal de contrair mais de 0,35% do seu Produto Interno Bruto (PIB).