"A assembleia-geral da CNA assinalou [...] com grande preocupação a notícia de que a água começou a ser negociada como recurso em contratos futuros na bolsa de Nova Iorque. Trata-se de um ataque predatório do sistema financeiro e do grande poder económico aos recursos naturais, essenciais à agricultura, ao ambiente e à vida", considerou, em comunicado, a confederação.
Para os agricultores, este recurso fica agora "ainda mais submetido ao interesse especulativo", agravando a "vulnerabilidade" dos camponeses, comunidades e das populações mais frágeis.
A CNA disse estar igualmente preocupada com o acordo de parceria entre a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Fórum Económico Mundial (FEM) para a organização da cimeira das Nações Unidas sobre sistemas alimentares.
Neste sentido, confederação defendeu que a agricultura familiar deveria ser o tema central desta cimeira, tendo em conta que produz mais de 80% dos alimentos do mundo.
A água começou a ser negociada como recurso ('commodity') em contratos futuros na bolsa de Nova Iorque, à semelhança do que já acontece com o petróleo ou o ouro, mas sem poder ser fisicamente transacionada, segundo avançou Bloomberg no início de dezembro.
De acordo com a agência financeira, a negociação salienta as preocupações de que o recurso natural que suporta a vida pode ficar escasso em várias partes do mundo.
Agricultores, 'hedge funds' (fundos especulativos) e municípios poderão apostar contra ou a favor da escassez da água desde 07 de dezembro, já que o Grupo CME lançou contratos ligados à indústria de cerca de 1,1 mil milhões de dólares (cerca de 906 milhões de euros) do mercado de água da Califórnia, nos Estados Unidos.
Os contratos serão acordados financeiramente e não requererão a efetiva entrega física de água, e estão baseados no índice de Água Nasqaq Veles Califórnia lançado há dois anos.