5G: Condições do leilão "não puxam por novo investimento"

O presidente da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC), Rogério Carapuça, disse hoje à Lusa que as condições do leilão 5G não puxam por novo investimento e disse esperar que a situação se resolva.

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Lusa
22/12/2020 18:05 ‧ 22/12/2020 por Lusa

Economia

APDC

Rogério Carapuça foi hoje ouvido na comissão parlamentar de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, numa audição sobre o processo da tecnologia de quinta geração (5G).

"A APDC representa um conjunto de empresas, todas do ecossistema digital, não só de operadores de telecomunicações, operadores de media, de correio, empresas IT, serviços", disse o presidente.

"O ecossistema está preocupado com o tema do 5G, de não correr bem, porque em todos os momentos em que as telecomunicações portuguesas foram chamadas a participar, colocando o país na linha da frente nas novas revoluções tecnológicas, fê-lo", explicou Rogério Carapuça.

"Portugal é considerado hoje como um dos países mais inovadores nestas áreas. Estando a liderar o comboio, não podemos agora com o 5G perder essa capacidade de liderar, sobretudo numa mudança tecnológica que é bastante disruptiva", prosseguiu.

"Portugal não pode ficar para trás nessa nova transição tecnológica", salientou, apontando que as condições deste leilão "não são condições que puxem por novo investimento, que respeitem o investimento anterior dos operadores", dando "incentivos errados aos agentes económicos", considerou, uma vez que isso "não vai levar a uma situação promotora de inovação" como já aconteceu anteriormente.

"Preocupa-nos como ecossistema digital" a situação do processo 5G, salientou, apontando que a direção da APDC conta com 23 empresas e apenas três são operadores de telecomunicações.

"É uma preocupação dos operadores e de todo o ecossistema", reiterou Rogério Carapuça.

Além disso, os operadores entrantes "são obrigados a requisitos muito baixos de cobertura, podendo depois usar 'roaming' nacional".

Por outro lado, "os operadores que têm investido" correm o risco de ver os entrantes poderem usarem as suas redes por um preço que pode não ser definido por eles, acrescentou.

Caso os entrantes e os operadores históricos não cheguem a acordo sobre o preço do 'roaming' nacional, caberá ao regulador definir o valor.

A APDC enviou um comunicado a "todos os órgãos de soberania" a manifestar a sua preocupação com o leilão do 5G, tendo tido uma audiência com o Presidente da República.

"Temos esperança que os vários órgãos de soberania se pronunciem sobre o tema e façam alguma coisa e que o próprio regulador [Anacom] olhe para o tema e mude alguma coisa", afirmou Rogério Carapuça.

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