Na conferência de imprensa no final da reunião o presidente do Eurogrupo, o irlandês Paschal Donohoe, indicou que foi feito um ponto da situação da pandemia por parte de Michael Ryan, diretor-executivo da OMS para o Programa de Emergências Sanitárias, e Bruce Aylward, conselheiro responsável pela missão conjunta da OMS-China, tendo ambos "sublinhado que persiste um elevado grau de incerteza, especialmente no que respeita à circulação do vírus e surgimento de novas variantes".
"Mas ambos também destacaram o enorme progresso feito, em termos de testes, tratamentos e vacinação desde que o coronavírus surgiu [na Europa], há um ano", prosseguiu Paschal Donohoe, observando que "um progresso constante" na campanha de vacinação permitirá também a tomada de decisões com vista à recuperação económica.
Considerando que o cenário epidemiológico explicado pelos responsáveis da OMS foi muito útil para as discussões que se seguem a nível de ministros das Finanças, o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni manifestou-se particularmente impressionado pelo "trabalho crucial que está a ser feito a nível de mapeamento das novas variantes [do coronavírus], tais como aquelas detetadas no Brasil, no Reino Unido e na África do Sul".
"Os colegas da OMS também sublinharam a ideia de que "ninguém estará a salvo até que todos estejam a salvo e saudaram a muito boa cooperação com a Comissão Europeia", disse Gentiloni.
Apontando que "melhorar a situação a nível da saúde pública é, obviamente, a primeira razão pela qual é necessário ganhar esta corrida em curso entre injeções e infeções", o comissário da Economia observou que "uma campanha de vacinação bem sucedida é também crucial para a recuperação económica".
"Como expliquei hoje ao Eurogrupo, as nossas Previsões de Inverno [divulgadas na semana passada] baseiam-se na assunção de que as medidas restritivas serão aliviadas, primeiro gradualmente, até ao final do segundo trimestre, e depois de forma mais acentuada, no segundo semestre do ano", disse, acrescentando que tal significa que é assumindo que "os mais vulneráveis e uma proporção crescente da população adulta terão sido vacinados".
Na semana passada, a Comissão Europeia voltou a rever em baixa o ritmo da recuperação económica este ano na Europa, que "permanece nas garras da pandemia da covid-19", estimando que a zona euro cresça 3,8% e a União Europeia 3,7%.
Face às anteriores previsões macroeconómicas de outono, Bruxelas retirou quatro décimas tanto às estimativas de crescimento económico na zona euro para 2021 -- em novembro antecipava uma subida do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,2%, o que já constituía uma forte revisão em baixa face às previsões de verão, de 6,1% -, como do conjunto da UE, para o qual previa há três meses uma subida do PIB de 4,1% este ano.
No entanto, e apontando que o início das campanhas de vacinação na Europa constitui uma "luz ao fundo do túnel" e uma fonte de "otimismo cauteloso", o executivo comunitário acredita que um crescimento forte no segundo semestre deste ano aliado a um bom desempenho no próximo permitirá à Europa recuperar de forma mais sólida que o previsto em 2022, com o PIB a crescer 3,8% no espaço da moeda única e 3,9% no conjunto dos 27 Estados-membros, quando no outono apontava para uma subida de 3,0% tanto na zona euro como na UE.
A Comissão admite também que os riscos em torno destas projeções macroeconómicas permanecem "elevados" e estão sobretudo relacionados com a evolução da pandemia e o sucesso das campanhas de vacinação.
"Em termos de riscos negativos, a pandemia pode revelar-se mais persistente ou grave no médio prazo do que o cenário assumido nesta previsão, ou pode haver atrasos nas campanhas de vacinação. Tal poderia adiar o levantamento das medidas de contenção, o que por seu lado pode afetar o ritmo e a força da retoma", assumiu a Comissão Europeia.
A reunião de hoje do fórum informal de ministros das Finanças da zona euro, realizada uma vez mais 'à distância', antecedeu o Conselho de ministro das Finanças da UE (Ecofin) de terça-feira, a decorrer também por videoconferência e a ser presidido, desde Lisboa, pelo ministro João Leão, que fará aos seus homólogos europeus um ponto da situação dos processos de elaboração dos planos nacionais de recuperação e resiliência, através dos quais os 27 acederão aos fundos do pacote de recuperação para a Europa ultrapassar a crise socioeconómica provocada pela pandemia.
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