"Há uma parte da cultura de banco central que, por exemplo, está presente também no Banco Central Europeu e no próprio sistema europeu de bancos centrais, que é uma cultura com a qual eu não estou de acordo, que é uma cultura de sigilo", disse hoje aos deputados na comissão de inquérito às perdas do Novo Banco imputadas ao Fundo de Resolução.
Neste âmbito, João Costa Pinto referiu, em resposta ao deputado da Iniciativa Liberal João Cotrim Figueiredo, que a cultura no Banco de Portugal é também esta, mas não específica do caso português, sendo transversal à Europa.
O responsável, que presidiu à comissão independente que elaborou um relatório que avaliou a conduta do Banco de Portugal até à resolução do BES, disse, no entanto, que pode dar "a impressão que aquela instituição passa a vida a não fazer nada", algo que no seu entender "não é verdade".
No relatório, segundo disse Costa Pinto, é visível "a enorme quantidade de iniciativas, de pedidos, de esclarecimentos, de reuniões, de contactos, de trabalho, que a supervisão levou a cabo ao longo dos anos".
"Eu não quero isentar de responsabilidade ninguém, eu perfilho a opinião da comissão independente de que deveria ter havido uma atuação mais enérgica em determinados momentos", ressalvou.
No entanto, não deixou de chamar a atenção para o "contexto extraordinariamente complexo e difícil" que o país viveu "entre 2007/2008 e 2015/2016, com uma ameaça extrema de instabilidade financeira".
"Isto não desculpa nada, mas para ser justos temos que avaliar as coisas no contexto em que aconteceram", concluiu.