Augusto Santos Silva refere, num artigo publicado hoje no Diário de Notícias, que a embaixada de Portugal no Senegal acolhe a partir de hoje em Dacar a primeira das 25 conferências 'Green Talks', que ao longo do próximo mês prepararão, em várias cidades africanas e europeias, o Fórum de Alto Nível União Europeia-África sobre Investimento Verde.
O Fórum é promovido pela presidência portuguesa do Conselho da União Europeia e pelo Banco Europeu de Investimento e conta com a participação de ministros de países dos dois continentes, comissários da Comissão Europeia e da Comissão da União Africana, líderes empresariais e de organizações da sociedade civil.
"O conjunto das conferências preparatórias e do fórum constitui um processo, cujo objetivo é a mobilização de projetos, parcerias e disponibilidades financeiras para o crescimento em África. Só com crescimento do produto e do emprego será possível gerar os recursos indispensáveis para a satisfação das necessidades básicas das populações, a criação de oportunidades para os jovens, a estabilidade social e política ou o enfrentamento das causas profundas das migrações", sublinha.
O ministro dos Negócios Estrangeiros salienta que as questões do crescimento são cada vez mais inseparáveis das questões da transição verde em particular em África, lembrando que a este continente pertencem quatro países do mundo mais afetados pelas alterações climáticas e sete dos dez mais afetados.
"Todavia, África é responsável por menos de 5% do total mundial das emissões de carbono, e tem abundância de fontes renováveis de energia, do solar à eólica, à hídrica ou à geotermal. Há, pois, aqui um tema de justiça e outro de racionalidade; temos ambos, o problema e a solução, ao alcance das nossas mãos", disse.
Por isso, Augusto Santos Silva, diz que é preciso "reforçar a cooperação, não de forma meramente discursiva, mas baseada em ações concretas, bem desenhadas e adequadamente financiadas".
"Daí a utilidade, para a presidência portuguesa do Conselho, de coorganizar o Fórum de Lisboa com uma instituição financeira fundamental da nossa União, o Banco Europeu de Investimento. É, senão uma condição necessária, pelo menos uma condição favorável a que avancemos em projetos e parcerias sustentáveis, com recursos e modelos de negócio bem calibrados", referiu.
O ministro salientou que a presidência portuguesa definiu o incremento das relações entre a Europa e África como uma das suas apostas principais, destacando o empenho "na conclusão do processo negocial sobre o acordo pós-Cotonou, essencial para a cooperação com a África Subsariana".
Augusto Santos Silva recorda que a presidência portuguesa alcançou, entre outras coisas, a aprovação da presença coordenada permanente de forças europeias em apoio dos países do Golfo da Guiné, o lançamento da missão de apoio a Moçambique na sua luta contra o terrorismo em Cabo Delgado e na defesa do estabelecimento de um novo diálogo regular com o Norte de África em assuntos como a justiça, proteção civil e segurança.
"A abordagem conjunta da economia do desenvolvimento e da transição é um elemento particularmente relevante e promissor desta parceria global entre vizinhos. Aproveitemos, pois, plenamente o roteiro que hoje se inicia e culminará, daqui a um mês, no Fórum de Lisboa", disse.
Leia Também: África com mais 271 mortos e 9.195 infetados nas últimas 24 horas