A defesa de que o Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) necessita de procurar com urgência novos acordos de comércio externo foi feita pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) brasileira, Robson Braga de Andrade, num comunicado divulgado pela associação patronal.
O líder empresarial afirmou que, além de concluir os acordos já negociados, principalmente os firmados com a União Europeia (UE) e com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), o bloco sul-americano deve iniciar negociações de livre comércio com importantes e estratégicos parceiros como os Estados Unidos, México, Canadá, Reino Unido, com a América Central e com as Caraíbas.
A patronal também pediu ao bloco que aprofunde os acordos atuais com outros países sul-americanos.
"A CNI defende que a eleição de novos possíveis parceiros para a negociação de acordos comerciais passe por um processo transparente, com a realização de consultas públicas e análise de viabilidade", segundo o comunicado da entidade.
A indústria brasileira, acrescenta a nota, "vê com preocupação negociações com países que não jogam conforme as regras internacionais, como a Coreia do Sul e outros países asiáticos, que aprofundaria uma agenda baseada em matérias-primas, com baixa agregação de valor".
Segundo Andrade, nas suas três décadas de história, o Mercosul tem contribuído para a redução das barreiras tarifárias e para a atração de investimentos estrangeiros em setores de forte impacto económico e social.
"O Mercosul é a iniciativa mais relevante para a inserção internacional do Brasil até ao momento, mas o futuro do bloco depende de mais crescimento económico, aumento da competitividade e maior integração interna dos países", disse.
O líder empresarial acrescentou que o avanço do Mercosul depende principalmente de garantir a estabilidade económica na região para permitir a retomada do crescimento após a crise gerada pela pandemia de covid-19, que afundou as economias de todos os países do bloco.
Para a CNI, o fortalecimento do Mercosul está condicionado também por uma maior integração interna, para a qual é necessário incorporar os acordos já assinados pelos associados, mas ainda não ratificados pelos Congressos, principalmente os relacionados às compras governamentais e à facilitação do comércio.
As propostas da CNI foram apresentadas num encontro virtual promovido hoje pelo Conselho Industrial do Mercosul e incluídas numa declaração conjunta do órgão que também reúne a União Industrial Argentina (UIA), a União Industrial do Paraguai (UIP) e a Câmara das Indústrias do Uruguai (CIU).
Para destacar a importância do Mercosul para o Brasil, Andrade recordou que entre 2011 e 2020 o superávite comercial do Brasil com os seus parceiros do Mercosul foi de 54,9 mil milhões de dólares (46,65 mil milhões de euros) e que o padrão de exportação para os países vizinhos foi o mais diversificado entre todos os destinos dos produtos brasileiros.
O superávite comercial do Brasil com a China foi superior nos mesmos dez anos (158,3 mil milhões de dólares, ou seja, 134,5 mil milhões de euros), mas o padrão de exportação do Brasil para o gigante asiático foi quase totalmente concentrado em poucas matérias-primas, como ferro e soja.
Segundo as contas da CNI, as exportações para os países do Mercosul são as que mais geram empregos no Brasil depois das destinadas aos Estados Unidos.