Hoteleiros açorianos querem comunicação centrada na segurança da região
O delegado nos Açores da Associação da Hotelaria de Portugal, Fernando Neves, disse hoje ser "fundamental" que o arquipélago se afirme como "região segura" quanto à covid-19, uma vez que a comunicação tem passado "sempre" pelo "lado negativo".
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Economia Covid-19
"Mais do que divulgar o nosso produto, que também é importante, nesse momento é fundamental dizer que às pessoas que podem vir para os Açores porque estão seguras. Temos de comunicar que somos uma região segura", declarou Fernando Neves à agência Lusa.
O responsável pela Associação de Hotelaria de Portugal (AHP) no arquipélago apontou críticas à gestão da comunicação feito pelo Governo Regional, de coligação PSD/CDS-PP/PPM, que tem passado "sempre pelo lado negativo".
"Nós comunicamos sempre do lado negativo: são precisas mais vacinas, o nosso sistema de saúde é mau, não temos hospitais em muitas ilhas. Estamos a passar uma imagem de debilidade e insegurança. Era importante termos mais assertividade", assinalou.
Além disso, acrescentou, a região está a "comunicar mal a situação pandémica", também devido às mudanças "repentinas" nas políticas de contenção da covid-19.
"Estamos a comunicar mal a situação pandémica com a incerteza do que se passa. Nós não podemos, de um dia para o outro, mudar as regras. Os turistas e os empresários têm de saber com o que contar", defendeu.
Na Páscoa, disse, "eram poucas as reservas, mas notava-se apesar de tudo algum movimento, mas acabaram por existir muitos cancelamentos".
O empresário deu o exemplo da Região Autónoma da Madeira, que apesar de ter mais casos de covid-19 do que os Açores, "consegue passar uma imagem de grande segurança".
"A Madeira, por exemplo, teve muitas mais dificuldades do que nós ao nível de mortes e de infetados, mas consegue passar uma imagem de segurança", apontou
O hoteleiro referiu ainda que os "problemas comunicacionais" não são recentes, uma vez que já foram sentidos no verão de 2020.
"No verão passado fomos uma região 'covid free', sem casos positivos e não tivemos quaisquer resultados positivos com isso. Fomos a região que caiu mais nos indicadores turísticos. É essa a comunicação que precisa de ser trabalhada, temos potencial para isso", salientou.
O delegado da AHP nos Açores defendeu igualmente a importância de a região criar um "seguro de viagem" ou "promover um regresso a casa em segurança" em caso de contágio de covid-19.
"O próximo Verão vai depender do que nós quisermos que ele seja. É importante que nos afirmemos, se queremos ser uma região turística e se queremos que o turismo seja um motor de desenvolvimento das nossas ilhas", acrescentou.
Em 31 março, o Governo Regional dos Açores decretou recolher obrigatório a partir das 15:00 e a proibição da circulação entre concelhos na ilha de São Miguel durante a Páscoa.
Os Açores fecharam o ano de 2020 com 292.703 mil dormidas, quando em 2019 tinham tido 971.794 mil.
Segundo os dados mais recentes do Serviço Regional de Estatística (SREA), o arquipélago açoriano registou 31 mil dormidas em fevereiro passado, sendo que, no período homologo de 2020 e 2019, tinha atingido as 46.027 mil e 40.072 mil dormidas, respetivamente.
Os Açores registam atualmente 136 casos ativos de covid-19, sendo 135 em São Miguel (89 no concelho de Ponta Delgada, 21 no concelho do Nordeste, oito no concelho da Lagoa, sete na Ribeira Grande, nove em Vila Franca do Campo e um no concelho da Povoação) e um em Santa Maria, na freguesia de Santa Bárbara, do concelho de Vila do Porto.
Desde o início da pandemia foram diagnosticados 4.230 casos de covid-19 nos Açores, tendo recuperado da doença 3.956 pessoas e faleceram 30.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.853.908 mortos no mundo, resultantes de mais de 131,2 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.885 pessoas dos 823.494 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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