Diretor de hotel diz que restrição de voos para o Algarve é "inaceitável"
O diretor de uma unidade hoteleira algarvia considerou hoje "inaceitável" e "sem justificação" as restrições impostas aos viajantes pela Alemanha, salientando que o número de infeções por covid-19 no Algarve é "francamente baixo".
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Economia Covid-19
Numa reação à decisão anunciada hoje pela Alemanha de colocar a região do Algarve e os Açores na lista de zonas de risco face à pandemia de covid-19, com os turistas alemães a terem de cumprir uma quarentena de dez dias no seu regresso, João Soares, diretor do Hotel Dom José, em Quarteira, admitiu à Lusa ter recebido a decisão com "muita estranheza".
"Nós recebemos a decisão da Alemanha com muita estranheza porque, num universo de quase 440.000 habitantes [do Algarve], estamos, ao dia de hoje, com 525 casos ativos, o que é praticamente nulo", afirmou João Soares, que representa o Algarve na Associação da Hotelaria de Portugal (AHP).
A medida aplica-se a partir de domingo, segundo o instituto de vigilância sanitária alemão Robert-Koch (RKI), no entanto, os turistas provenientes do Algarve poderão interromper a quarenta ao fim de cinco dias, caso tenham teste negativo.
João Soares reconheceu que "há alguns concelhos com uma incidência maior" na região, como é o caso de Portimão, mas sublinhou que "o Algarve não se resume a esses concelhos" e que "é inaceitável esta posição por parte da Alemanha", porque "não há qualquer justificação" para ela.
"525 casos ativos, para 440 mil habitantes, pensamos que é francamente baixo", insistiu o diretor do hotel algarvio.
O impacto da decisão alemã vai "afetar a região pelas reservas existentes do mercado alemão, mas também pelo contágio que isto poderá vir a ter internacionalmente", porque há "outros países que olharão com certeza para esta decisão da Alemanha, o que não é nada benéfico", alertou.
"O turismo alemão tem uma incidência muito grande na zona de Portimão e Lagos, na zona de Carvoeiro, não terá uma incidência tão grande nesta zona de Vilamoura e Quarteira, mas tem sempre uma incidência bastante grande", observou, frisando que, na ausência do mercado britânico, a presença de turismo alemão "é de extrema importância".
O diretor da unidade hoteleira algarvia defendeu, por isso, a necessidade de avançar com "uma vacinação mais rápida" e de dar "a possibilidade à hotelaria e aos grandes empregadores do Algarve de fazerem testes rápidos para se prevenirem, antes de acontecerem os azares".
Outra opção "muito importante", acrescentou, seria a possibilidade de direcionar a vacinação para o setor do turismo e da hotelaria, "porque tão ou mais importante que os contágios, é a perceção de segurança" e essa medida permitira "dar uma perceção de segurança completamente distinta".
Também em declarações à Lusa, Daniel do Adro, vice-presidente da Associação dos Industriais Hoteleiros e Similares do Algarve (AIHSA), considerou que o aumento das restrições nos países europeus, como a Alemanha, torna as viagens pouco aconselháveis nesses mercados e o impacto das restrições impostas nas viagens para o Algarve acaba por ser "essencialmente reputacional".
Daniel Adro admitiu, no entanto, que a realização de quarentena à chegada ao país de origem "poderia ser um travão" para quem faz reservas e, "no limite, considerar outro destino em alternativa".
O dirigente da AIHSA disse ainda esperar que o Algarve consiga "reverter a situação no curto prazo" e garantir que o "controlo dos focos de Portimão e Albufeira sejam uma realidade", permitindo que as restrições sejam levantadas a tempo de "tornar inócua esta situação antes do verão".
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.987.891 mortos no mundo, resultantes de mais de 139 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.937 pessoas dos 829.911 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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